Deputado e advogado de sócio da 123 Milhas batem boca na CPI das Pirâmides Financeiras
O deputado Delegado Caveira (PL-PA) chamou o sócio e administrador da 123 Milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira, de estelionatário e deu início a um bate-boca com o advogado do depoente, durante uma reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, nesta quarta-feira (6).
Ramiro foi convocado pela comissão, assim como outras nove pessoas, para explicar o funcionamento da empresa, que, no dia 18 de agosto, anunciou a suspensão de pacotes e emissão de passagens de sua linha promocional com embarques previstos de setembro a dezembro de 2023. Dias depois, a companhia entrou em recuperação judicial.
Durante a reunião, Caveira chamou o empresário de estelionatário e disse que a empresa vem dando “prejuízo imenso ao povo”.
“Está aqui o empresário, que eu vou chamar de estelionatário, está muito claro, sou delegado há 12 anos, que disse que vai continuar com essa empresa nefasta que vem dando prejuízo imenso ao Brasil, ao povo”, afirmou o deputado.
Em CPI, sócio da 123 Milhas pede desculpas e diz que comportamento do mercado inviabilizou linha promocional da empresa
123 Milhas: recuperação judicial ‘congela’ processos contra empresa temporariamente
O advogado de Ramiro pediu a palavra ao presidente para protestar contra a fala, mas foi interrompido pelo deputado.
“O senhor permaneça calado que eu estou usando a minha palavra. Eu tenho imunidade parlamentar para falar. Ele é um estelionatário sim. Respeite minha fala”, afirmou Caveira.
Já em meio à discussão, o advogado do empresário respondeu o parlamentar, afirmando que ele não pode usar a imunidade parlamentar para ofender o depoente.
“Calado o senhor. Cumpra a decisão do Supremo. O Supremo mandou você tratar com urbanidade”,disse.
O relator, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), interveio para encerrar a discussão.
“Senhores, eu vou pedir ao advogado que, para fazer uso da palavra, peça pela ordem ao presidente, e vou pedir ao nobre colega, delegado Caveira, nós entendemos a imunidade parlamentar, mas se a gente puder tentar utilizar de termos menos agressivos até para que não possamos alavancar o clima”, pediu o relator.
Depoimento do empresário
Em depoimento à CPI, Ramiro Júlio Soares Madureira pediu desculpas pelos prejuízos causados e disse que o mercado se comportou de forma diferente do esperado. Segundo ele, isso impossibilitou a viabilidade da linha promocional da empresa.
“Acreditávamos que o custo do promo diminuiria com o tempo, à medida que ganhávamos eficiência na tecnologia de sua operação e o que o mercado de aviação fosse se recuperando dos efeitos da pandemia. Uma tendência [que] projetamos à época e que se revelou precisamente o oposto”, disse.
“Ao contrário do que prevíamos, o mercado tem se comportado permanentemente como se estivesse em alta temporada e isso abalou os fundamentos, não só do promo, como de toda 123 milhas”, continuou o sócio da empresa.
A sessão desta quarta não foi a primeira vez que os sócios da 123 Milhas foram chamados à CPI. Na semana passada estava prevista a tomada de depoimento, mas os representantes da empresa faltaram à reunião.