Aliados do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), deixaram claro ao Planalto que não vão segurá-lo no cargo, após operação da Polícia Federal por suspeita de desvio de emendas parlamentares por meio da estatal Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
O que aconteceu
Juscelino é suspeito de destinar emendas enquanto parlamentar à Prefeitura de Vitorino Freire (MA), onde sua irmã Luanna Rezende (União Brasil) é prefeita. Nesta tarde, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal) bloqueou R$ 835 mil do ministro para possibilitar a recuperação de valores supostamente desviados da Codevasf, estatal comandada pelo centrão.
O ministro maranhense foi um dos nomes indicados ao centrão para compor o governo, durante a transição. Já no início do ano, seu nome entrou na berlinda em meio a denúncias de viagens irregulares e outras suspeitas, mas foi segurado por aliados, como o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Agora, os padrinhos estão com um posicionamento diferente. Embora o líder do União Brasil na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA), garanta oficialmente que Juscelino continua como ministro, o Planalto já recebe indicações de que seu nome não seria indispensável —desde que a pasta continuasse com o partido.
A operação ocorreu em meio ao debate sobre reforma ministerial para abrigar o centrão no governo. Há quase dois meses, o presidente Lula (PT) tenta criar um novo desenho na Esplanada para integrar PP e Republicanos sem diminuir aliados.
Na corda bamba
A avaliação dentro do Planalto, com base no aceno dos aliados do ministro, é que ninguém quer mais se indispor. Na investigação, a PF detectou diálogos entre o ministro e um empresário responsável por obras no município maranhense e apura suspeitas de pagamentos a ele.
Para o Planalto, seria unir o útil ao agradável. Já há uma possibilidade de mudança de diferentes ministros e trocar Juscelino em meio a mais um escândalo poderia ser exatamente a chance de o governo integrar mais uma pasta ao quebra-cabeça.
Com Lula no Ceará, nada deve ser decidido hoje. Aliados dizem que o Planalto está uma calmaria, mas que as conversas seguem em paralelo. A expectativa é que o Lula entregue, finalmente, as mudanças esperadas da reforma na semana que vem.
Oficialmente, o União nega a troca. Ao UOL, Elmar afirmou que o partido não vai abandoná-lo: “Juscelino é nosso ministro”. Segundo a reportagem apurou, também não há nenhum nome cotado para substituí-lo.