Não são raras as vezes em que você encontra alguém na praia que saia reclamando de queimaduras de águas-vivas.
No primeiro episódio da quarta temporada do seriado americano “Friends”, a situação é retratada quando Monica sofre uma queimadura e, para aliviar a dor, Joey sugere que Chandler faça xixi no local afetado.
Mas será que o xixi é realmente uma solução para as queimaduras de águas-vivas?
De acordo com as dermatologistas Tathiana Carvalho, da Clínica Adriana Vilarinho, e Viviane Scarpa, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), a resposta é não.
“A água-viva possui em seus tentáculos inúmeros nematocistos, que são estruturas semelhantes a agulhas, onde o veneno é armazenado. Quando entramos em contato [com a água-viva], ela entende isso como uma ameaça, disparando essas ‘agulhas’ rapidamente e liberando o veneno contido nelas. Assim temos um ferimento semelhante a uma queimadura”, explica Tathiana.
Assim, o ardor do momento trata-se de uma reação ao veneno liberado. Entre os sintomas que podem surgir com o ferimento, estão inchaço, vermelhidão ou manchas escuras e sensação de queimação.
Dependendo da sensibilidade do paciente e da espécie de água-viva, é possível que existam outras manifestações, como dificuldade para respirar, dor no peito, dor de cabeça, câimbras, náuseas e vômitos. Caso se trate de uma pessoa alérgica, pode haver edema de glote e choque anafilático.
Mas e quanto ao xixi?
Tathiana é categórica ao dizer de que não passa de um mito, visto que a urina estimula a liberação de mais veneno pelos tentáculos, piorando as lesões.
“Passar xixi na lesão é contraindicado, assim como limão, Coca-Cola, água de coco, álcool gel ou água mineral. O ideal é lavar a região com a própria água do mar e passar vinagre”, esclarece Viviane. A indicação do vinagre se dá porque o ácido acético presente no vinagre paralisa os nematocistos ainda não disparados, impedindo a liberação da toxina no machucado.
Como proceder caso sofra uma queimadura de água-viva?
As especialistas orientam que, caso haja uma queimadura, o primeiro passo é sair da água, evitando que ocorram novas lesões. Lavar a área afetada com água do mar é necessário devido ao fato de que a água doce estimula a liberação do veneno.
Após isso, é preciso retirar a água-viva com o auxílio de uma pinça, ou, na ausência do instrumento, com o auxílio de um palito de sorvete, desprendendo os tentáculos.
Retirado o animal, deve-se fazer compressa com vinagre e, em seguida, passar protetor solar na área, que estará sensibilizada.
Na ocorrência em pessoas alérgicas, crianças pequenas ou de manifestações sistêmicas, é necessário buscar auxílio em um pronto-socorro.
Créditos: R7.