Menos de 30% das propriedades rurais brasileiras possuem conectividade. Por esse motivo, os engenheiros aeroespaciais Leonardo Julio e Victor Baptista, formados pela Universidade de Brasília (UnB), desenvolveram um projeto que visa ampliar a conectividade das áreas rurais brasileiras por meio da tecnologia de satélites espaciais. Utilizando sensores alocados no solo que enviam informações para redes de comunicação, o objetivo é otimizar o espaço agrário brasileiro visando maior produtividade e maior diversidade de cultivos.
Foto: Kayo Magalhães/CB/D.A Press.
Os engenheiros foram os convidados desta sexta-feira (4/8) do CB.Agro — programa feito em parceria pelo Correio e a TV Brasília e explicaram como funciona a tecnologia. O método usa conexões menores e mais baratas do que a internet para criar uma rede de radiofrequência que propague as informações necessárias a respeito do solo e das plantações.
“Obviamente, a gente precisa de internet como seres humanos, mas uma planta não vai utilizar a internet. Então, a gente vai pensar numa conexão de menor intensidade e mais barata. É justamente pensando nessa trilha de conexão que a gente tem trabalhado para desenvolver soluções que utilizam radiofrequências para gerar informações de diversos pontos da produção”, explicaram.
Para os especialistas, a expansão da conectividade garante uma série de ganhos ao produtor, auxiliando no processo de tomada de decisão ao apresentar informações mais rápidas sobre a qualidade do solo, a possível infestação de pragas e impactos climáticos na lavoura.
“As vantagens da conectividade são muitas. Com ela, você consegue tomar as melhores decisões no momento certo, saber o que está acontecendo dentro da plantação e consegue tomar uma ação antes de que haja prejuízo para o seu negócio. É justamente nesse aspecto que a conectividade faz tanta diferença. É quase que uma pronta resposta ao que está acontecendo, pragas, doenças, mofos, entre outras coisas que podem causar um grande prejuízo na produção. Elas podem, por exemplo, ser prontamente combatidas por meio de pulverização ou outras técnicas”, observaram.
Brasil tem potencial produtivo não explorado
Os engenheiros argumentaram que o projeto tem grande potencial para expandir a produtividade brasileira. Para eles, “o Brasil possui um potencial produtivo ainda não explorado dentro das mesmas terras já cultivadas, que pode ser liberado pelo acesso a mais informações de como está o manejo e o cultivo.”
Segundo Julio e Baptista, o projeto possui, ainda, a vantagem de fomentar a sustentabilidade para produtores. Eles ressaltaram que a otimização causada pela obtenção de informações implica não somente economia de recursos, mas também diversificação da cadeia de produção por área.
“Rebate diretamente na questão da sustentabilidade também. Novamente, olhando um cenário de pragas, pode-se aplicar menos agrotóxico, porque você tem os dados que te dão essas especificidades, para que você economize recursos, dentre eles o agrotóxico. A gente vê que, com o crescimento da população mundial, a produção precisa aumentar cada vez mais. Mas, em vez de aumentar o espaço de produção, melhor aumentar a produtividade do espaço”, afirmaram.
Julio e Batista são fundadores da startup All to Space, que desde abril conta com investimentos da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).
Fonte: Correio Braziliense.