Os cientistas da sonda New Horizons, da NASA, voltaram os instrumentos dela para um ponto distante no céu, longe do Sol e das estrelas mais brilhantes, para medir a quantidade de luz que seria capturada pelas câmeras dela. O motivo? Eles queriam verificar o quão escuro é o universo, mas descobriram uma luz inesperada e de origem desconhecida.
Para estudar a escuridão do céu sem a interferência da poluição luminosa e até do brilho emitido pela atmosfera da Terra, é necessário enviar telescópios ao espaço. O problema é que, mesmo estando vários quilômetros longe da atmosfera terrestre, os telescópios espaciais acabam capturando a luz refletida por partículas de poeira no espaço.
Elas estão presentes em todo o Sistema Solar, e cada uma destas partículas reflete a luz de volta para nosso planeta, formando o que chamamos de luz zodiacal. Portanto, a melhor forma de observar a escuridão do universo é enviar uma nave para longe — e, se possível, para os limites do Sistema Solar.
É aqui que entra a sonda New Horizons, lançada em 2006 para estudar o planeta-anão Plutão. Ela já se distanciou dele e do objeto Arrokoth, no Cinturão de Kuiper, e hoje está ao dobro da distância de Plutão em relação ao Sol. “Está terrivelmente escuro onde estamos, e isso nos dá o poder para fazer algo que ninguém mais pode: podemos medir precisamente o quão escuro é o espaço”, explicou Tod R. Lauer, membro da missão.
Como os instrumentos da câmera ainda funcionam, ela é uma ótima aliada para estudar a escuridão do espaço. “Com nossa câmera principal, podemos simplesmente perguntar quanta luz entra nela”, acrescentou ele. Após corrigir a luz das galáxias observadas por telescópios como o Hubble, eles podem verificar se resta alguma luz de origem desconhecida.
A equipe colocou a ideia em prática. Ao comparar a quantidade de luz registrada naquela região pelo Hubble com a da câmera da New Horizons, descobriram uma quantidade de escuridão já esperada, mas encontraram algo surpreendente: um brilho fraco. A New Horizons registrou o dobro da luminosidade que esperavam em comparação com a luz total, vinda das galáxias mais distantes desde o Big Bang.
Nas próximas semanas, a sonda vai observar mais 15 áreas no céu, selecionadas de acordo com a escuridão delas. Assim, a equipe espera estudar ainda mais a escuridão do universo — e, quem sabe, podem também descobrir o que está por trás do brilho misterioso que encontraram.
Fonte: New Horizons; Via: Universe Today