A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira (18) sete mandados de prisão preventiva, além de buscas e apreensão, contra integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro. Entre os alvos estão o comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa Gonçalves; o coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da corporação, afastado depois do 8 de Janeiro; e outros cinco oficiais.
Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal após representação da Procuradoria-Geral da República. Os investigados também vão ter os bens bloqueados e serão afastados de suas funções públicas. Saiba quem são eles:
Coronel Klepter Rosa Gonçalves — comandante-geral da PMDF
Nomeado para o comando da corporação em fevereiro deste ano, Gonçalves já estava à frente do cargo de forma interina por decisão do ex-interventor federal na segurança pública do DF Ricardo Cappelli. Graduou-se no curso de formação de oficiais pela Academia de Polícia Militar de Brasília em 1995. É bacharel em direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e especialista em gestão de segurança pública. Também atuou no Centro de Inteligência da PMDF e como professor das disciplinas de análise criminal, gestão pperacional, inteligência e planejamento estratégico na Academia da PM.
Coronel Fábio Augusto Vieira — ex-comandante-geral da PMDF
O ex-comandante-geral da PM foi afastado do cargo após os atos de vandalismo que resultaram na depredação dos prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro. Fábio Augusto Vieira foi preso no início do ano após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, mas foi solto em 3 de fevereiro. Antes de assumir o comando-geral da corporação, Fábio Augusto chefiou a Subsecretaria de Operações Integradas da Secretaria Executiva de Segurança Pública (SSPDF).
Coronel Jorge Eduardo Naime
Única autoridade investigada por omissão durante o 8 de Janeiro que continuava presa, o coronel Jorge Eduardo Naime assumiu a chefia do departamento operacional da Polícia Militar após 28 anos na corporação. Ele foi exonerado do cargo em 10 de janeiro, depois de o interventor Ricardo Cappelli assumir a responsabilidade de restabelecer a ordem na capital federal. O coronel era o responsável pelo planejamento das operações da PMDF quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas por manifestantes extremistas. É especialista em segurança pública pela Universidade Federal da Paraíba, em direitos humanos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública e em gestão pública pela Unis e pós-graduado em direito administrativo.
Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues
O coronel Marcelo Casimiro era o comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) da PMDF durante as manifestações. A unidade coordena uma série de batalhões da corporação, incluindo o 6º, que é responsável pela Esplanada dos Ministérios. Foi exonerado do cargo após os atos de vandalismo. Em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do DF que apura os atos extremistas, ele disse que estava de folga no dia das manifestações. É graduado em administração de empresas pelo Centro Universitário Unieuro.
Major Flávio Silvestre de Alencar
O major Flávio Silvestre de Alencar chegou a ser preso em dois momentos da Operação Lesa Pátria, em março e, posteriormente, maio. Ele integrava o 6º Batalhão da PM, responsável pela Esplanada dos Ministérios e que era coordenado pelo coronel Marcelo Casimiro à época dos atos extremistas em Brasília. O militar foi flagrado por câmeras de segurança no dia das invasões dando ordens para que a tropa recuasse da grade de contenção, que impedia extremistas de avançar até o STF. Mestre em ciências mecânicas pela Universidade de Brasília e pós-graduado em ciências policiais pelo Instituto Superior de Ciências Policiais, é especialista nas áreas de controle de distúrbios civis e patrulhamento tático.
Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra
Atuava como chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PMDF à época dos atos antidemocráticos. Em maio, a Polícia Federal afirmou em um relatório que Bezerra agiu de forma omissa nos atos extremistas de 8 de janeiro. Ele substituía o coronel Jorge Eduardo Naime, que estava de folga no dia. O relatório concluiu que faltou um plano operacional para impedir os ataques.
Tenente Rafael Pereira Martins
Integrante da PMDF desde 2019, o tenente Rafael Pereira Martins não possui cargo comissionado na cúpula da corporação. Chegou a ser preso em fevereiro, durante a quinta etapa da Operação Lesa Pátria.