A página de esquerda Choquei publicou, nesta semana, vídeo em que defende o formato de “democracia” da Coreia do Norte. Como resultado, o perfil foi alvo de checagem da rede social X (antigo Twitter). O material foi classificado como fake news.
No vídeo retweetado pela Choquei, uma estudante de relações internacionais sinaliza para a militância de esquerda que as informações que se têm sobre a ditadura da Coreia do Norte são contaminadas. De acordo com a universitária, o regime norte-coreano seria vítima de propaganda da política norte-americana.
De acordo com ela, é de interesse dos Estados Unidos que os países socialistas fracassem para provar que o sistema é falido. Seguindo essa premissa, a estudante afirmou que o regime de Kim Jong-Un não é uma ditadura. Para ela, a Coreia do Norte teria sistema político semelhante ao do Reino Unido.
“Ele não tem um poder de legislar”, disse a estudante, em referência a Jong-Un. “O poder dele não é independente, portanto ele não é um ditador. A Coreia do Norte é uma república parlamentarista.”
Em outro trecho do vídeo, a estudante diz que a dinastia da família de Jong-Un libertaram o país da exploração dos japoneses, justificando assim sua perpetuação no governo do país desde a fundação, em 1948.
A estudante afirma que ninguém é proibido a sair do país, já que os passaportes são liberados a toda a população. Isso ocorre, segundo ela, porque os países alinhados com os Estados Unidos não liberam os vistos aos cidadãos norte-coreanos.
“Se você tem embargo dos Estados Unidos, acontece o que aconteceu na Coréia do Norte, acontece o que aconteceu em Cuba, você fica pobre”, afirmou, conforme vídeo promovido pela Choquei. “A Coreia do Norte não é pobre porque ela é socialista. Ela é pobre porque os Estados Unidos deixaram ela assim.”
Checagem no Twitter expõe diversas fake news ditas em vídeo
Os internautas, contudo, apontaram diversos links com reportagens de diversos portais de informação, tanto nacionais quanto internacionais que atestam: a universitária e a página Choquei espalharam fake news sobre a “democracia” da Coreia do Norte.
No site sobre vigília dos Direitos Humanos no âmbito mundial, o Human Rights Watch, aponta que o regime de Kim Jong-Un não tolera o debate de ideias, assim como “proibe a mídia independente , organização da sociedade civil e nega sistematicamente todas as liberdades básicas”.
A divisão brasileira da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um vídeo mostrando os abusos autoritários que os cidadãos norte-coreanos sofrem no país. Com relatos de refugiados e dados alarmantes sobre a fome e repressão estatal, a produção prova que a estudante divulgou fake news perante uma ditadura.
Na checagem, a plataforma X ressalta: a Coreia do Norte é uma “ditadura que viola os direitos humanos”.
Em abril, a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, também caiu no filtro de fake news do antigo Twitter ao omitir informações sobre o imposto em importações de compras on-line. O perfil político Sleeping Giants Brasil e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) são outros casos de exposição por compartilhamento de notícias falsas.
Democracia relativa
Este tipo de relato não é novidade perante a personalidades que defendem regimes socialistas. Um exemplo disso aconteceu em junho, em fala protagonizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula foi questionado sobre o motivo de insistir em defender o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela. Como resposta, o petista disse, em entrevista à Rádio Gaúcha, que o “conceito de democracia é relativo”.