O papel do ativismo judicial tem sido um tópico amplamente debatido na arena política e jurídica brasileira. Recentemente, a nomeação do novo ministro da Suprema Corte, Cristiano Zanin, trouxe à tona discussões sobre a interpretação da Constituição e o papel dos juízes em moldar a legislação.
Zanin tem chamado a atenção por sua abordagem de seguir regularmente a Constituição em suas decisões judiciais. Isso representa uma abordagem mais conservadora em comparação com a prática anterior de ativismo judicial, na qual juízes muitas vezes extrapolavam os limites da Constituição para promover causas específicas ou impor penalidades, mesmo quando não havia previsão legal expressa.
A nomeação de Zanin pelo presidente Lula, um líder historicamente ligado à esquerda política, causou surpresa dentro desse espectro ideológico. Havia a expectativa de que o novo ministro seguisse a tradição de outros juízes que, em casos relacionados a temas como homofobia, aborto e legalização das drogas, tendiam a legislar através de suas decisões, contornando o processo legislativo tradicional.
A abordagem de Zanin, baseada em seguir a Constituição “ipsis litteris”, ou seja, conforme o texto literal, tem sido vista como uma volta à legalidade estrita e ao papel tradicional dos juízes como intérpretes da lei. No entanto, essa postura não foi bem recebida por todos os setores. Ativistas de extrema esquerda, incluindo o conhecido humorista Felipe Neto, criticaram o ministro por não aderir ao ativismo judicial que, de certa forma, contribuía para avanços em pautas sociais.
A abordagem de Zanin tem causado um debate intenso na sociedade brasileira, dividindo opiniões entre aqueles que veem sua atuação como uma garantia do Estado de Direito e aqueles que enxergam a necessidade de flexibilidade judicial para promover mudanças sociais mais rápidas. Independente da posição adotada, a nomeação de Zanin e sua abordagem na Suprema Corte continuam a gerar reflexões sobre o equilíbrio entre a interpretação da lei e a criação de jurisprudência para guiar a sociedade.
Junior Melo (advogado e jornalista).