A boa fase do Botafogo é tanta que, mais uma vez, foi usado de exemplo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta terça-feira, 14, no programa “Conversa com o Presidente”, o petista citou o clube da estrela solitária ao defender o fim da guerra na Ucrânia e a posição do Brasil como um agente pacificador.
Ao jornalista Marcos Uchôa, Lula afirmou que “é preciso encontrar um denominador comum para parar com essa guerra”, desencadeada pela invasão da Rússia ao país vizinho em fevereiro do ano passado. Na sequência, afirmou que o Brasil “tem que manter sua posição de não ter contencioso internacional com ninguém”, usando então o futebol para explicar seu ponto.
“Mesmo o meu Corinthians não jogando como eu gostaria que jogasse, mesmo o Flamengo não sendo aquilo que os flamenguistas pensam que é, nós não precisamos ficar nervosos, precisamos de paz. Veja o Botafogo. Veja a cara dos jogadores do Botafogo. Não tem nenhum supercraque, mas você percebe que os jogadores estão jogando com alegria, unidos, correndo como ninguém. Lá no time do Botafogo ninguém perde a bola e fica parado. O cara perde a bola e vem para trás para recuperar a bola. Nos outros times o cara perde a bola e põe a mão na cintura. O Brasil, na verdade, é um país alegre, tem seu compromisso com seu povo”, disse.
No início do mês, ao comentar a situação econômica do Brasil, Lula já havia feito uma brincadeira com o atacante Tiquinho Soares, que, segundo ele “qualquer chute que ele dá entra no gol”. O artilheiro tem 13 gols no campeonato, à frente de Deyverson, do Cuiabá, e Vitor Roque, do Athletico, que têm 8.
Embora o Brasil tenha votado para condenar a invasão russa nas Nações Unidas em março, Lula sempre foi ambivalente sobre o conflito, ao mesmo tempo em que tenta colocar o país como um possível mediador ao conflito. Recentemente, ele sugeriu que a Ucrânia deveria considerar abrir mão da Crimeia para concretizar um acordo de paz e que os Estados Unidos e a Europa prolongam e encorajam a guerra na Ucrânia.
No Brasil, a abordagem da guerra na Ucrânia é vista como parte de uma longa tradição de neutralidade da política externa. Em um mundo altamente polarizado e muito diferente do que era nos dois primeiros mandatos de Lula, contudo, ser imparcial tem um preço cada vez mais alto.