A segunda e última rodada do leilão de duas fazendas que pertenceram ao ex-presidente da República João Goulart (1919-1976), nesta sexta-feira (11), terminou novamente sem compradores. A primeira rodada, realizada em julho, também não havia atraído compradores.
As propriedades ficam em Itacurubi, na Região Central do RS, e Itaqui, na Fronteira Oeste do estado, e, juntas, são avaliadas em mais de R$ 250 milhões, de acordo com a casa que vai leiloá-las.
“Negócio concreto, não houve. Só especulação. Por enquanto, vou aguardar”, diz o atual proprietário das fazendas, Rui Noé Goulart, neto do ex-presidente.
João Goulart, nascido em São Borja, também na Fronteira Oeste, foi o 24º presidente do Brasil e cumpriu mandato de 1961 a 1964, quando foi deposto por um golpe militar.
As propriedades são também palco de momentos históricos da política brasiliera. Uma delas, a de Itaqui, foi vendida a Jango pelo também ex-presidente Getúlio Vargas e serviu como ponto de partida do avião de Goulart em direção ao Uruguai, onde cumpriu exílio após o golpe militar de 1964.
De acordo com Rui, a decisão de vender as fazendas partiu da família, porque os possíveis sucessores não se interessam em seguir administrando as propriedades. O valor deve ser dividido entre Rui e outros dois irmãos, herdeiros diretos de Jango.
Uma das propriedades é a Fazenda Cinamomo, em Itaqui, que possui 2,7 mil hectares. De acordo com a apresentação de Zuleika Matsumura Akimoto, leiloeira responsável por receber os lances, a terra tem mais de 90% de sua área própria para a agricultura e é indicada para o cultivo de grãos. O valor inicial do leilão é de R$ 173.900.787.
A outra propriedade, em Itacurubi, leva o nome de Fazenda Presidente João Goulart e deve ser leiloada por lance inicial de R$ 80.716.195. A propriedade, segundo a casa leiloeira, tem 2.124 hectares, dos quais 55% são destinados à agricultura e 45% à pecuária.
As fazendas ficam próximas à Fazenda do Itú, conhecida como o refúgio do também ex-presidente Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul.
G1