O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, engatou nesta segunda-feira (14) o décimo pregão consecutivo de perdas. A sequência negativa, que não era vista desde fevereiro de 1995, é motivada por temores com a inflação global e pela onda de correções em meio aos ganhos robustos registrados no primeiro semestre.
No fim desta sessão, o Ibovespa fechou em baixa de 1,07 %, de acordo com dados preliminares, e o volume financeiro somava R$ 19,5 bilhões.
Desde a última alta, registrada no dia 31 de julho, as perdas superam os 4%, de 121.942,98 para os atuais 116.801,93 pontos. Caso o índice termine mais uma vez no vermelho, nesta terça-feira (15) vai igualar a maior série de baixas desde fevereiro de 1984.
A sequência negativa, no entanto, é insuficiente para reverter o ganho acumulado de 11,1% do índice de referência nos primeiros sete meses de 2023, de 109.734,60 para 121.942,98 pontos. Somente no primeiro semestre, a alta do Ibovespa totalizou 7,6%.
“Acreditamos que as recentes quedas, nos últimos dez dias, acontecem porque o mercado já projetava um corte de juros um pouco mais agressivo por parte do Copom [Comitê de Política Monetária, do Banco Central], para as próximas reuniões. Após a divulgação do corte, o mercado entrou num modo de realização de lucros, chegou a pressionar a curva de juros, estimando um corte de -0,75% em alguma reunião deste ano”, analisa Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Ele afirma que essa expectativa acabou sendo frustrado pelo presidente do BC e pela ata do Copom, onde ficou subentendido que devem ser mantidos os cortes de -0,50%, já contratados pelo mercado até o fim do ano. “Isso fez muitos investidores venderem suas posições.”
Desde o começo da agosto, investidores estrangeiros venderam mais ações brasileiras do que compraram, com o saldo negativo, acumulado até o dia 10, em quase R$ 6,6 bilhões, em dados que excluem as ofertas de ações.
Fernandez diz que é difícil dizer o que se pode esperar para as próximas semanas, já que nesta segunda termina a temporada de balanços do segundo trimestre de 2023. “Agora as atenções se voltam para a política e a aprovação do novo arcabouço fiscal. Esses fatores podem ditar os próximos rumos do Ibovespa”, finaliza.