Recém-falecido candidato à Presidência do Equador, Fernando Villavicencio (foto) previu seu assassinato horas antes em um comício na capital, Quito, ontem, quarta-feira (9).
Ele foi assassinado com três tiros na cabeça enquanto deixava o evento. A cena foi captada em vídeo.
Naquele mesmo comício (foto), Villavicencio declarou que não usava colete a prova de balas, apesar das ameaças de morte.
“Não preciso [de colete]. Vocês são um povo valente, e eu sou valente como vocês. Vocês são aqueles que cuidam de mim”, disse o então candidato.
O infortunado discurso para animar sua base ainda envolveu convocação ao crime organizado para que tentasse um atentado.
“Que venham os chefões do narcotráfico, venham! Que venham os atiradores, que venham os milicianos! Acabou-se o tempo da ameaça. Aqui estou eu. Podem me dobrar, mas nunca vão me quebrar”, afirmou Villavicencio.
O presidenciável falecido tinha a luta contra a corrupção como principal bandeira e já era um figura marcada na política equatoriana havia anos.
Ele surgiu no cenário político como líder sindical na estatal petrolífera, Petroecuador, e ajudou a expor um escândalo de corrupção na gestão do presidente Rafael Correa na década passada.
Villavicencio também era jornalista investigativo. Em uma de suas principais reportagens, ele revelou documentos confidenciais sobre um programa de monitoramento do governo nacional, ainda na gestão Correa.
Ameaças de morte pelo crime organizado e a perseguição judicial pelo governo forçaram Villavicencio a se exilar no Peru em 2017.
Com a queda de Correa ainda em maio daquele ano, o jornalista voltou ao país e entrou oficialmente para a política. Ele se elegeu deputado em 2021.
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