Na denúncia oferecida por assédio sexual contra o ex-diretor da TV Globo Marcius Melhem, o MP-RJ (Ministério Público do Rio) afirmou que o humorista desrespeitava mulheres que eram subordinadas a ele e utilizava sua posição para assediá-las. No documento, obtido pela coluna, a promotoria cita que ele chegou a fazer uso da “exposição de sua genitália” junto às subordinadas. Melhem foi denunciado na sexta-feira (4) por assédio a duas atrizes e a uma editora de vídeo. Na terça-feira (8), a juíza Juliana Benevides Barros Araújo, da 20ª Vara Criminal do TJ-RJ, decidiu abrir um processo criminal e tornou o ex-diretor réu.
Imagem: Reprodução/YouTube.
“Após estabelecer estrategicamente relação de proximidade e falsa amizade/intimidade e da verbalização de sua lascívia, o denunciado também mantinha aproximação física inadequada com abraços e carinhos excessivos disfarçados de brincadeiras que evoluíam igualmente, para apalpações, tentativas de beijos forçados, propostas de sexo, tapinhas nas nádegas, apertões nos seios e até mesmo, em algumas situações, exposição de sua genitália, orgulhoso da situação de ereção”, informa a denúncia.
Além disso, no documento, consta que Melhem “demostrava não respeitar as mulheres que lhe eram subordinadas nem o próprio ambiente de trabalho e utilizava-se de forma contumaz da qualidade de superior hierárquico para obter vantagem ou favorecimento sexual”.
Segundo a promotoria, o ex-diretor realizava “abordagem sexual em meio a conversas acerca do roteiro, do elenco, do papel a ser atribuído à personagem das vítimas, de forma que restava a mensagem velada, porém clara, de que o destino profissional das vítimas estava em suas mãos e que estava deveria retribuir os “cuidados e favores” do chefe”.
Melhem nega as acusações e disse, por nota, que a denúncia é “absurda” e que irá contestá-la no momento oportuno.
Uma das vítimas apontadas na denúncia é a atriz Carol Portes. Em entrevista exclusiva ao UOL, em abril, ela contou que foi assediada sexualmente por Melhem, então idealizador, ator e redator final do programa “Tá no Ar”, exibido pela TV Globo e onde ela trabalhava na ocasião. A atriz também prestou depoimento na Deam (Delegacia da Mulher), do centro do Rio, em abril.
Além de Carol Portes, a denúncia é baseada nos depoimentos da atriz Georgiana Góes e de outra funcionária, M.T.C.L. A pedido da vítima, a identidade dela será preservada.
O MP-RJ (Ministério Público do Rio) informou que a investigação sobre crime de importunação sexual cometido contra uma das vítimas foi arquivada em razão da prescrição dos fatos. Já em relação a outras cinco vítimas de assédio sexual, também foi proposto o arquivamento em razão da prescrição.
UOL