Passar por uma cirurgia é sempre preocupante: porém, se uma médica for responsável pelo procedimento, pode ficar mais tranquilo. Uma pesquisa publicada nessa quarta-feira (30/8) na revista científica JAMA Surgery revelou que pacientes tratados por mulheres nos centros cirúrgicos tiveram menos risco de morrer e de passarem por complicações graves até um ano após a realização do procedimento.
Essa associação entre o gênero do profissional de saúde e o resultado da operação foi observada em quase todos os subgrupos pesquisados, que incluiram as características do paciente, do hospital e o risco do procedimento realizado. No panorama geral, os pacientes tinham 60 anos e 20% deles apresentavam comorbidades graves.
De modo geral, a chance de sofrer complicações ao ser operado por uma mulher era 10% menor, segundo os cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá.
Para o estudo, foram observados dados de um grupo de 1,1 milhão de pacientes. Apenas 150 mil deles haviam sido tratados por médicas como chefes cirúrgicas — os pesquisadores consideraram esse dado na análise e fizeram ponderações para evitar que a característica afetasse os dados finais obtidos.
Foram observados pacientes operados em Ontário, no Canadá, em 25 tipos de cirurgias diferentes entre 2007 e 2019. No geral, 13,9% das pessoas tratadas por homens tiveram complicações nos 90 dias seguintes à cirurgia — a porcentagem para os casos liderados por mulheres foi de 12,5%.
Cerca de 25% dos operados por homens tiveram complicações até um ano depois do procedimento — entre os pacientes sob cuidados de uma cirurgiã, apenas 20,7% enfrentaram problemas. A diferença se manteve também na mortalidade: para os três primeiros meses, foram 0,8% contra 0,5% (médicos homens e mulheres, respectivamente); e para o ano seguinte à cirurgia, 2,4% contra 1,6%.
Por que médicas são mais seguras?
O estudo aponta apenas as diferenças numéricas e não justifica a discrepância entre os gêneros dos cirurgiões. Os pesquisadores apontam, porém, trabalhos anteriores feitos com outros cortes populacionais que relataram uma diferença de comunicação entre as médicas e seus pacientes além do “estilo de prática operatória” como fator diferencial.
Os cientistas canadenses pontuam que os médicos homens eram responsáveis principalmente por cirurgias ortopédicas e gerais, enquanto as mulheres foram maioria na obstetrícia e ginecologia, o que pode influenciar nos dados observados. Eles sugerem que pesquisas complementares devem ser realizadas para esclarecer a diferença.