Uma controvérsia com relação às compras parceladas sem juros no cartão de crédito está em debate no Brasil, tendo como pano de fundo um montante anual de R$ 1 trilhão. O tema foi abordado por Graciliano Rocha, colunista do UOL.
A polêmica, anteriormente travada nos bastidores, veio a público na semana passada por meio das declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que se manifestou a favor do fim do parcelamento sem juros nas compras com cartão de crédito.
Entenda abaixo as posições dos principais participantes da disputa:
- Grandes Bancos: Um grupo de trabalho composto por Ministério da Fazenda, Banco Central e bancos foi criado pelo governo para discutir a redução dos juros rotativos do cartão de crédito, que atingem 437% ao ano. Os bancos defendem o término do parcelamento sem juros, argumentando que a inadimplência é responsável pela alta dos juros. A Febraban, representante dos bancos, afirma que o parcelamento sem juros possui um “subsídio cruzado forte” e está ligado a uma inadimplência de 40%.
- Setores do Varejo, Construção e Companhias Aéreas: Uma possível extinção ou tributação do parcelamento sem juros teria impactos significativos, especialmente no varejo. Esse método responde por 60% das transações comerciais. Segmentos como o de material de construção, que se apoiam amplamente em parcelas de cartão de crédito, seriam particularmente afetados. As empresas aéreas também acompanham a discussão com atenção, pois o parcelamento sem juros é crucial para a venda de passagens aéreas, sobretudo para consumidores com renda inferior a 10 salários mínimos.
- Fintechs: A Abranet, que abriga fintechs com 70 milhões de clientes de serviços financeiros digitais, é contrária ao término do parcelamento sem juros. Segundo a associação, metade das transações de cartão de crédito no país são parceladas. Prejudicar esse modelo, afirmam, reduzirá o consumo, afetará o varejo e empresas de maquininhas de cartão.
- Impacto no Consumidor: O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a questão dos juros rotativos do cartão terá uma resolução em até 90 dias. Uma proposta em análise consiste em ajustar o parcelamento de acordo com o tipo de bem. Produtos duráveis seriam parcelados em maior número do que itens como roupas e calçados.
UOL