O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou, durante o UOL Entrevista, que “o Brasil e a democracia brasileira respiram” graças à atuação ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele foi entrevistado pelos colunistas do UOLCarla Araújo e Josias de Souza na tarde desta sexta (25).
O ministro Alexandre de Moraes tem um histórico, uma trajetória funcional absolutamente admirável. [Ele é] uma pessoa corretíssima, íntegra, muito firme e, graças a ele e a atuação firme que ele teve, o Brasil e a democracia brasileira respiram. Então, eu vejo um absoluto repúdio nessas críticas de que possa haver qualquer questão política envolvida. A Polícia Federal não se envolve com política partidária, a Suprema Corte e o ministro Alexandre tenho certeza que também não. A nossa resposta é essa, vocês têm visto, as últimas revelações recentes, com fotos, com documentos, com recibos, com depósitos, ou seja, não se está aqui fazendo nenhuma investigação política, mas um trabalho sério, técnico e com uma equipe muito dedicada e competente.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal
Investigações contra Bolsonaro
Questionado se acredita que os investigadores chegarão a elementos que permitam julgar e condenar Bolsonaro, Andrei afirmou que a dedicação da PF é para que “todos que participaram” em crimes sejam “apresentados à justiça”.
O nosso trabalho procura desvendar todo esse cenário, e o que a gente tem visto é que há a conexão entre todos esses elementos, o questionamento da integridade do sistema eleitoral, o ataque às instituições brasileiras, especialmente ao poder judiciário, a interferência na instituição, como, por exemplo, me parece que houve na Polícia Federal. Tudo isso se conecta e o que a gente vê nessa investigação [é que] há uma conexão, os atores se repetem, são sempre os mesmos que, em algum momento, cometem algum comportamento que tem que ser objeto de investigação. Então, o nosso esforço, é para que, ao fim e ao cabo, a gente, de fato, desvende todo esse cenário, porque ali há crimes contra o Estado Democrático e Direito, há crimes em relação à falsificação de cartões de vacina, uso de documento falso, crime contra a saúde pública, há crime em relação à questão das joias. […] Todo o nosso esforço é para alcançar todos os responsáveis por esses crimes que nós estamos investigando.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal
PF sabia de riscos no 8 de Janeiro
O diretor-geral da PF afirmou que foi informado pelo setor de inteligência da corporação, no dia anterior ao 8 /1, sobre o risco de que manifestantes acampados em frente ao QG (quartel-general) do Exército em Brasília depredassem os prédios dos Três Poderes.
O 8 de janeiro começou bem antes. […] Eu sou diretor de uma polícia judiciária. Nosso papel foi fielmente cumprido porque eu recebi informações da minha área de inteligência, de nenhuma outra agência, mas da minha área de inteligência. E estive lá na Secretaria de Segurança [do Distrito Federal] no dia 7 de janeiro, reunido com o secretário de Segurança, com a cúpula das instituições, e oficiei, dentro do sistema, no dia 7 de janeiro, dizendo: ‘Olha, essas pessoas não podem sair do acampamento porque eles vão depredar o Supremo [Tribunal Federal], Congresso [Nacional] e o [Palácio do] Planalto’. Isso está no dia 7, escrito. Véspera, portanto, do quebra-quebra. O ministro Flávio Dino recebeu o meu ofício –ele é o meu chefe a quem eu direcionei– e encaminhou imediatamente e comunicou o governador.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF
Andrei relatou ter feito o alerta ao órgão competente do Distrito Federal, mas que, “infelizmente”, a PM escoltou manifestantes golpistas até as sedes dos Três Poderes.
Fiz esse alerta, fui na secretaria, fiz essa solicitação e, infelizmente, o que se viu foi a Polícia Militar [do Distrito Federal] escoltando criminosos –essas pessoas são criminosas, foram presas– para fazerem o que fizeram. […] A segurança de ordem pública, isso também é importante que se diga, é responsabilidade da Polícia Militar [do DF], que é uma das melhores polícias do Brasil. [É] bem remunerada, bem equipada, bem treinada, [tem] boa formação. E deram seguidos exemplos. O principal deles, uma semana antes do evento [do 8 de janeiro], que foi a a posse, que foi coordenada por nós, da Polícia Federal. Eu, à época, ainda era chefe da segurança do presidente Lula. Montamos uma equipe e fizemos toda uma estruturação, e o resultado foi visto. Tínhamos mais de três mil policiais em um evento com centenas de milhares de pessoas, absolutamente festivo. […] Hoje, a cúpula da instituição, infelizmente, está presa, enfim, em razão das responsabilidades que tiveram.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF