O ONS (Operador Nacional do Sistema) apontou mais um motivo que teria provocado o apagão nacional em 15 de agosto, que deixou 25 Estados e o Distrito Federal sem energia.
Em reunião nesta 6ª feira (25.ago.2023), os técnicos da entidade afirmaram ter encontrado sinais de que as fontes de geração próximas à linha de transmissão da Eletrobras Chesf, no Ceará, onde ocorreu a falha inicial, não apresentaram o desempenho esperado de controle de tensão.
O desligamento da linha Quixadá-Fortaleza ainda é apontado como a causa inicial. A rede parou de funcionar como se estivesse reagindo para se blindar de uma sobrecarga. A empresa assumiu o erro e admitiu não ter protegido a rede adequadamente. Também comunicou ao ONS que o problema já foi resolvido.
A linha de investigação mais consistente aponta que o desempenho abaixo do esperado no controle da geração foi o 2º evento que desencadeou todo o processo de desligamentos que aconteceram em seguida. Segundo o ONS, porém, o problema identificado não tem relação direta com o tipo de fonte geradora.
Foram apresentadas na reunião as análises preliminares para a elaboração do RAP (Relatório de Análise de Perturbação), documento final que tem prazo de 45 dias para ser apresentado, diante da magnitude da ocorrência. Até lá as análises continuam, com nova reunião do grupo já marcada para 1º de setembro.
O ONS afirmou que fez simulações, inicialmente, de acordo com os dados e parâmetros das usinas geradoras, mas não foi possível reproduzir o cenário que provocou o apagão. Em todos os testes, não foi observada redução de tensão que violasse os procedimentos de rede, como a que ocorreu após o desligamento da linha da Chesf. Nessas simulações, o sistema reagiu estabilizando a tensão.
Somente com as informações recebidas dos operadores depois da ocorrência foi possível reproduzir, em simulação, o evento que originou o apagão. A partir dessas novas informações, o ONS realizou uma análise da sequência de eventos e testou múltiplos cenários, que apresentaram sinais de que o desempenho dos equipamentos informados pelos agentes antes da ocorrência é diferente do desempenho apresentado em campo.
Um relatório inicial tinha sido apresentado pelo ONS na semana passada em reunião extraordinária do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico). Na ocasião, foi apontado que uma falha técnica em uma linha de transmissão da Eletrobras no Ceará foi o evento que originou o apagão.
Em nota, a Eletrobras afirmou ter identificado o “desligamento da linha de transmissão 500kV Quixadá II/Fortaleza II, por atuação indevida do sistema de proteção, milissegundos antes da ocorrência de 15 de agosto de 2023 às 8h31, envolvendo o Sistema Interligado Nacional”.
Segundo a empresa, a manutenção da linha está em conformidade com as normas técnicas associadas. Disse ainda que continua colaborando para a identificação das causas da perturbação, de natureza sistêmica, e dos motivos que levaram aos desligamentos ocorridos no SIN.
Fonte: Poder 360.