A Petrobras fechou o segundo trimestre de 2023 com lucro de R$ 28,8 bilhões, queda de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo os menores preços do petróleo e dos combustíveis vendidos pela estatal.
Foi o primeiro resultado trimestral anunciado também após a mudança na política comercial da Petrobras, que deixou de seguir o conceito de paridade de importação, que estima quanto custaria para trazer os produtos ao país.
A mudança era promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a dizer que havia a necessidade de “abrasileirar” os preços dos combustíveis. A empresa vem operando com defasagem desde então, situação agravada com a escalada das cotações do petróleo na última semana.
O cenário difere dos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), quando a empresa tentou acompanhar mais de perto as cotações internacionais —ao menos até o período eleitoral de 2022, quando voltou a represar preços—, gerando grandes críticas da oposição e de líderes do PT.
Com preços alinhados ao mercado externo e a escalada do petróleo após a pandemia, a estatal registrou lucros recordes e também distribuiu dividendos recordes, o que gerou críticas não só da oposição, mas também do ex-presidente Bolsonaro, e levou a uma revisão na política de remuneração aos acionistas.
No segundo trimestre de 2023, a Petrobras vendeu sua cesta de combustíveis a um preço médio de R$ 475,28 por barril, o menor desde o terceiro trimestre de 2021, em valores corrigidos pela inflação.
Com os menores preços de derivados e o petróleo Brent 31,1% mais barato do que no segundo trimestre de 2022, a receita da Petrobras caiu 33,4%, para R$ 113,8 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, recuou 22%, para R$ 56,7 bilhões.
O balanço divulgado nesta quinta-feira (3) mostra os efeitos da nova política comercial sobre o desempenho da companhia. Responsável pela produção e venda de derivados, a área de refino teve margem de 8%, a menor desde o período mais crítico da pandemia da Covid.
A receita com venda de derivados caiu 17% no período, segundo a empresa, acompanhando a queda das cotações internacionais. O lucro da área de refino caiu 87,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, para R$ 1,6 bilhão.
Já a área de exploração e produção, responsável pela extração e venda de petróleo, teve queda de 50% no lucro, para R$ 26,4 bilhões.
A Petrobras diz que a queda do lucro na área de refino reflete recuo de 40% nas margens internacionais da produção de diesel, “parcialmente compensadas por maiores volumes de venda no mercado interno de gasolina, tendo em vista a maior competitividade com o etanol”.
Com preços mais competitivos, a Petrobras atingiu o maior patamar de vendas de gasolina em seis anos, roubando mercado do etanol, e se viu forçada a ampliar importações do produto para abastecer seus clientes.
Foi o segundo balanço divulgado na gestão Jean Paul Prates. No primeiro trimestre de 2023, a empresa registrou lucro de R$ 38 bilhões e anunciou a distribuição 24,7 bilhões em dividendos, ainda sob a regra antiga.
“A Petrobras apresentou uma performance financeira e operacional consistente no segundo trimestre, mantendo sua rentabilidade de maneira sustentável e com total atenção às pessoas”, disse Prates, no texto que acompanha o balanço.
“Vamos seguir trabalhando, focados no presente, mas também de olho no futuro, preparados para a transição energética justa e investindo no futuro da companhia e do Brasil.”
A Petrobras fechou o trimestre com dívida bruta de US$ 58 bilhões, alta de 8,7% em comparação com o trimestre anterior. Segundo a empresa, o aumento foi provocado por contratos de arrendamentos de duas plataformas de produção no pré-sal.
No ano, a estatal acumula lucro de R$ 66,9 bilhões, queda de 32,3% em relação ao verificado em igual período de 2022. A receita de vendas da companhia acumulada no período caiu menos, 19,1%, para 252,9 bilhões.
Folha de SP