Fontes da Polícia Federal informaram à CNN que, nos próximos dias, Alexandre de Moraes e seus familiares devem ser ouvidos dentro do inquérito que apura a agressão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e o filho dele no aeroporto de Roma, na sexta-feira passada (14).
De acordo com fontes da PF, por ser ministro, ele tem a prerrogativa de escolher a data, horário e local de seu depoimento, bem como se ele pode fazê-lo por escrito ou de forma presencial.
A ideia da PF é que os depoimentos dele, da mulher do ministro e do filho ajudem a elucidar o episódio. Eles serão ouvidos como denunciantes, e não como investigados.
Fontes ligadas à investigação apontam que há possibilidade de que o empresário acusado pelo ministro e seus familiares possam ter incorrido em mais dois tipos penais além dos que foram divulgados inicialmente pela PF: crime de calúnia contra funcionário público em razão de suas funções e crime contra o Estado Democrático de Direito.
Há na corporação um sentimento de que é necessário utilizar esse caso como paradigma contra episódios de agressões de autoridades, em especial do Judiciário, que cresceram nos últimos meses, segundo apurou a CNN.
Policiais com quem a CNN conversou nesta quinta-feira (20) defenderam a operação de busca e apreensão realizada na residência do empresário como algo necessário para apurar de fato o que ocorreu no aeroporto.
Há, contudo, uma avaliação entre fontes envolvidas com a investigação de que dificilmente Moraes mentiria sobre seu relato.
O adido da PF na Itália já obteve as imagens do aeroporto de Roma e fez o relato do que viu aos investigadores brasileiros.
Até o início da noite de hoje, as imagens ainda não haviam sido remetidas ao Brasil e anexadas aos autos da investigação pois aguardavam a autorização das autoridades italianas.
Isso porque há um rito a ser seguido, que passa por um pedido formal do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça ao seu correlato italiano e liberação pela Interpol para o representante da PF na Itália.
Para a remessa ao Brasil, porém, é necessário uma autorização da Itália, o que ainda não havia ocorrido.
Por outro lado, as imagens oferecidas pela defesa do empresário já foram anexadas aos autos da investigação. A âncora da CNN Raquel Landim assistiu a essas imagens da defesa, que duram alguns segundos e mostram trecho da confusão envolvendo Moraes e o filho dele na chegada à sala VIP do aeroporto.
Na gravação, Moraes se volta para quem está gravando e diz: “Vocês vão ser todos identificados.”
Uma voz não identificada pergunta ao ministro: “O senhor está nos ameaçando?”.
Moraes responde: “Bandido”.
Na sequência, o ministro aparece levando o filho para a sala VIP do aeroporto. Ambos aparecem caminhando ao lado de uma parede branca.
O advogado de Roberto Mantovani, Ralph Tortima, confirmou que essa gravação foi feita no final do bate-boca no aeroporto italiano. O vídeo foi entregue na quarta-feira (19) pela defesa à Polícia Federal.
A defesa do casal Roberto Mantovani e Andreia Munarão, e do genro Alex Zanatta –trio acusado de hostilizar e agredir Moraes–, afirma que houve um “equívoco interpretativo” sobre o episódio.
Procurada pela CNN, a assessoria de Moraes disse que o ministro só vai se pronunciar por meio de seu depoimento.
Créditos: CNN Brasil.