Quem mora ou já visitou regiões remotas do país sabe que a qualidade da rede de celular nesses locais costuma ser baixa — quando não inexistente. Nessa hora, vale tudo para tentar recuperar um pontinho do sinal, até pensar nas gambiarras mais inusitadas.
É o caso da antena feita com garrafa PET, pedras e areia, uma técnica famosa que, de vez em quando, ganha destaque nas redes sociais e voltou a viralizar no TikTok nesta semana.
O vídeo, publicado por Bianca Veronez, foi gravado no sítio dos avós de sua amiga, Gabrielly Campos, na zona rural de Marilândia do Sul, no interior do Paraná, onde estavam reunidas para uma “festa julina”.
“O sítio é bem no meio do mato, não pega torre nenhuma, nem nos lugares altos”.
Foi o tio de Gabrielly quem descobriu a antena improvisada por meio de uma publicação no Facebook e mostrou para o pai (avô da jovem), que mesmo descrente, resolveu testar. Para sua surpresa, a gambiarra deu certo e a conexão do celular voltou na mesma hora.
O “celulitro” — como foi apelidada a invenção — fez sucesso na família e hoje cerca de 10 torres estão espalhadas pela casa, entre bases fixas, feitas em galões de água, e “torres” móveis, em garrafas PET. No fundo do plástico, que é cortado no centro para acomodar o celular, vai uma camada de pedra e areia.
Bianca conta que o sinal não pegava em nenhum lugar da casa, exceto dentro da garrafa. Nos comentários do vídeo, que soma mais de 1,7 milhão de visualizações, quem testou jura que a antena realmente funciona.
Mas como isso é possível?
A invenção, na verdade, não tem base técnica. Afinal, nenhum dos materiais utilizados é capaz de influenciar na captação do sinal — pelo contrário, eles são maus condutores de eletricidade e praticamente invisíveis para as ondas eletromagnéticas emitidas e recebidas pelo celular.
Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, explica que nos locais onde a recepção do sinal é muito fraca, qualquer obstáculo pode atenuá-lo, como uma parede, um móvel ou até mesmo o corpo humano, ao segurar o telefone.
“Qualquer objeto ou corpo é um obstáculo às ondas eletromagnéticas. Alguns refletem elas totalmente, como os metais, e outras deixam passar, mas atenuam o seu tamanho, o que ocorre com o corpo humano, por exemplo”
A mágica, então, não estaria no celulitro em si, mas sim na distância em que o aparelho fica em relação ao corpo quando está apoiado nele. “O que pode acontecer é que o celular, parado e longe de interferências, consegue captar o sinal, que é muito fraco”, conta.
Créditos: UOL.