De cinco anos para cá, uma mudança no rumo da mineração passou a influenciar também o mercado automobilístico. Investimentos de empresas da China no processamento de níquel, um dos principais insumos para os veículos elétricos, têm ameaçado o fornecimento para os Estados Unidos e podem enfraquecer o setor no país.
China vs. Estados Unidos
Empresas chinesas passaram a investir em fábricas de processamento de níquel na Indonésia. O país possui uma das maiores reservas do mundo e, desde 2017, é a principal fonte do minério globalmente, respondendo por cerca de metade da oferta em 2022 (e isso deve aumentar).
Assim, a China estabeleceu seu domínio sobre a maior fonte mundial da commodity.
Na prática, isso significa que o país saiu na frente dos Estados Unidos na transição energética e faz com que as empresas americanas tenham que recorrer ao mercado chinês, diminuindo a dependência e poder estadunidense.
Investimentos
A China não se contentou em restringir o acesso à commodity.
Se antes o processamento do minério do país não era um modelo sustentável, eles se adaptaram e tornaram a operação dessas fábricas e instalações não só viável, como aptas para produzir em larga escala.
As empresas chinesas estabeleceram pelo menos três fábricas de processamento de níquel com foco em veículos elétricos na Indonésia nos últimos dois anos, e mais devem vir em breve.
O que isso significa para os veículos elétricos?
O mercado de veículos elétricos e automobilístico como um todo precisa do níquel (e outros metais) em abundância, fluxo que só a Indonésia pode oferecer.
O cenário pode trazer complicações para os Estados Unidos. Isso porque o país definiu que, para se qualificar para certos subsídios governamentais, as baterias dos elétricos têm que conter metais vindos em sua maioria dos EUA ou de um país com um acordo de livre comércio. A Indonésia não é um deles.
A exemplo do que fez a Ford, outras montadoras podem decidir migrar seus investimentos para fechar parcerias com empresas chinesas e enfraquecer o mercado norte-americano, por exemplo.
Reveses
No entanto, apesar de a produção em larga escala ser vantajosa para a China, não é para o meio ambiente. Analistas ambientais já alertaram para os riscos das instalações de níquel, que incluem grandes volumes de emissão de carbono e resíduos que são difíceis de armazenar.
Em 2019, uma descoberta revelou que os resíduos não tratados da fábrica de Papua-Nova Guiné contaminaram as águas próximas.
Ou seja, a China também tem desafios pela frente e pode esbarrar em impasses para continuar a produção.
Fonte: Olhar Digital.