São Paulo — Funcionários de alto escalão de companhias aéreas são investigados pela Polícia Federal (PF) sob a suspeita de envolvimento com a quadrilha que atuava dentro do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, para despachar malas com drogas para a Europa.
O grupo criminoso, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), é suspeito de colocar etiquetas de bagagens de passageiros comuns em malas carregadas de cocaína com destino ao exterior, para despistar a fiscalização. Na mais recente operação da PF, na semana passada, 17 pessoas acusadas de integrar a quadrilha foram presas.
O Metrópoles apurou que ao menos seis funcionários que ocupam cargos mais altos nas companhias aéreas, como gerentes, coordenadores e supervisores, são alvo da investigação. Eles ajudariam a quadrilha escalando os subordinados que integram o esquema quando fosse necessário e dificultando a fiscalização.
As investigações mostram que a quadrilha cooptava toda a cadeia de funcionários do terminal aéreo de Guarulhos e de companhias aéreas ligadas ao transporte das malas. Como mostrou o Metrópoles, funcionários da área restrita do maior aeroporto internacional do Brasil recebiam do PCC média de R$ 30 mil por cada bagagem recheada com cocaína despachada para a Europa. Isso equivale a mais de um ano de salário deles.
Segundo o programa Fantástico, da TV Globo, exibido no último domingo (23/7), um dos líderes do esquema criminoso é Fernando Reis, o Brutus, acusado de planejar uma das ações de envio de droga para o exterior que acabou frustrada pela PF. Ele alega inocência.
Entre os presos, estão Carolina Pennachiotti, de 35 anos, contratada pela empresa WFS Orbital, que presta serviços no aeroporto, e Tamiris Zacharias, de 31, funcionária da Gol Linhas Aéreas. Elas seriam responsáveis por fazer check-in falso para que malas carregadas de cocaína conseguissem chegar à área restrita do aeroporto. Carolina nega as acusações. Já Tamiris teria confessado o crime, segundo a PF.
Na área restrita do Aeroporto de Guarulhos, outros participantes do esquema ficavam responsáveis por retirar etiquetas de bagagens de passageiros comuns para colocá-las nas malas com drogas. Essa é a acusação contra os funcionários Deivid Souza Lima e Pedro Venâncio, que também foram detidos.
Em abril, na primeira fase da operação, foram presos sete funcionários do aeroporto envolvidos na troca de bagagens com esse método das etiquetas.
Brasileiras presas
O esquema ganhou repercussão quando veio à tona, em abril, o caso de duas passageiras de Goiânia (GO) que tiveram as bagagens trocadas por malas com cocaína e foram presas por tráfico internacional de drogas em Frankfurt, na Alemanha, em 5 de março.
As malas de Jeanne Cristina Paolini Pinho e Kátyna Baía foram despachadas no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mas as etiquetas com seus nomes foram colocadas em malas carregadas de drogas dentro do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Cada bagagem tinha cerca de 20 quilos de cocaína. As malas originais das passageiras nunca foram encontradas.
Créditos: Metrópoles.