Nesta sexta-feira, 30, o programa Pânico recebeu o deputado federal Nikolas Ferreira. Com a confirmação da inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2030, o parlamentar opinou sobre os novos rumos da direita nacional e afirmou se preocupar com o carisma de um futuro sucessor do ex-presidente.
“Acredito que existem nomes que as pessoas levantam como Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo] e [o governador de Minas Gerais, Romeu] Zema, só que hoje tem duas figuras carismáticas que conseguem reunir pessoas: chamam-se Lula e Bolsonaro. Vejo que pessoas como Tarcísio e Zema, que talvez não tenham a rejeição e o histórico de Bolsonaro, não sei se conseguem ter o carisma dele, no sentido de aglutinar. Essa é minha preocupação”, refletiu.
“As pessoas, muitas, estão desanimadas com as manifestações pelo que aconteceu no dia 8. É preciso traçar uma estratégia do que a gente quer de fato. Acho que existe uma pessoa que desequilibra os poderes, e eu iria para a rua ou para qualquer tipo de movimentação se fosse especificamente da retirada dessa pessoa do seu posto. Sem uma pauta clara e sem um norte, as pessoas não vão se desgastar por tudo isso. É isso que eu sinto. Até a próxima eleição, as pessoas vão querer alguém que seja tão firme quanto o presidente Bolsonaro foi em pautas claras para todos nós”, pontuou.
Ainda que o voto da ministra Carmen Lúcia tenha decidido o futuro político de Bolsonaro para os próximos anos, Nikolas afirma que não está destruído pela decisão e revelou se pretende se aliar a outras alas da direita em manifestações. “Abatidos, mas não destruídos. É lógico que a gente fica abatido, mas dizer desanimado, eu não estou. Eu tenho ainda uma longa vida política para poder ir construindo. O jogo teve hoje um resultado, realmente é um cara que eu acho que merecia ter pelo menos o direito de ser escolhido pelo povo. Hoje, quem denuncia o crime vira o criminoso. Me torno errado por denunciar o erro. A gente percebe cada dia mais de que não passa de um grande teatro. Tenho a certeza de que o sistema odeia a pessoa que não comete corrupção”, disse.
“Com relação a estratégias, depende da união, não me misturo com o MBL, com pessoas que fizeram campanha para voto nulo. Quando você não denuncia o mal, o mínimo que você está fazendo é não combatê-lo.(…) Os instrumentos democráticos não funcionam numa tirania”, acrescentou o deputado. “O que estou querendo dizer é que se nós não tivermos coragem de enfrentar, e eu sei que haverá sacrifícios e retaliações, vão ter pessoas que vão sofrer, a gente nunca vai conseguir o próximo nível. É preciso ir até os últimos momentos na história, você vê que homens fizeram grandes coisas com grandes sacrifícios. Eu compreendo que isso possa acontecer, mas que isso reflete exemplo para outros que estão desanimados. Que estratégia é essa que seu inimigo te ataca e você fica calado? Que você nunca revida?”, questionou.
Nikolas ainda falou sobre o seu futuro na política. O parlamentar descartou a possibilidade de disputar a Prefeitura de Belo Horizonte no próximo ano e afirmou que gostaria de disputar o Senado caso a idade mínima para a ocupação do caso passasse a ser de 30 anos. Ele ainda esclareceu o que pensa da participação de Michelle Bolsonaro na política e o futuro da ex-primeira-dama no PL. “Vejo que a possibilidade é focar no Senado, o Senado é competente para parar aquele que está desestabilizando a República. Infelizmente, a política muitas vezes é isso, atrai muita gente ruim. Muitas das pessoas que tem uma capa de senador acaba se elegendo pelo personagem, chega lá e muda completamente”, relatou. “Michelle é popular e carismática, e tenho certeza que para o cargo que ela for ela consegue. Acho que ela é um cabo eleitoral gigantesco, A peça fundamental se chama senadores, as pessoas se esquecem disso. Enquanto não tivermos a Presidência dos deputados e dos senadores, vai ser difícil pautar algo a respeito da direita”, concluiu.
Créditos: Jovem Pan.