O Barna Center, associação de lojistas da cidade de Barcelona, na Espanha, denunciou nesta quarta-feira, 12, que lojas que vendem produtos com cannabis, ou maconha, estão se registrando como floriculturas para driblar restrições de zoneamento.
O comércio de cannabis ocorre em toda a cidade, mas se concentra na região de Ciutat Vella, a parte mais antiga de Barcelona e a área mais popular entre turistas. Nos últimos seis anos, 118 novas “floriculturas” abriram no bairro, enquanto apenas 21 foram registradas no resto da cidade.
Por outro lado, a associação de floristas de Barcelona nega que haja um boom na venda de flores, e o número de floriculturas na cidade está estável há anos.
O Barna Center pediu que as autoridades locais introduzam uma licença específica para impedir lojas de maconha de se passarem por floriculturas. A associação de lojistas defende que esses estabelecimentos, que ocuparam antigos prédios de empresas forçadas a fechar durante a pandemia, são ruins para a imagem de Barcelona.
Estima-se que haja cerca de 250 lojas de maconha na cidade, vendendo narguilés, bongues, sementes e produtos de óleo de cannabis, o canabidiol (CBD).
Esse óleo é vendido legalmente em muitos países para o tratamento de ansiedade, insônia e condições específicas, como epilepsia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que não há “nenhuma evidência de problemas relacionados à saúde pública associados ao uso de CBD puro”.
Porém, de acordo com o Barna Center, as lojas de maconha também vendem doces e outros produtos com concentrações ilegais de tetrahidrocanabinol (THC), ativo que produz a chamada “onda”. A associação afirma que vários produtos, como pirulitos e brownies, contêm até 150 mg do psicoativo THC.
Barcelona assume progressivamente o papel de Amsterdã, na Holanda, como um paraíso para usuários de maconha. A capital holandesa promulgou uma série de leis para reduzir o turismo de cannabis, e o fluxo se desviou parcialmente para a cidade espanhola.
Enquanto isso, o governo de Barcelona luta contra cerca de 200 clubes de maconha, ou “asociaciónes”, onde membros podem comprar e consumir a droga no local. Uma lei aprovada pelo governo catalão em 2017 estipula que os clubes não podem ter lucro, seus membros devem ser maiores de idade e sua produção anual de maconha é limitada a 150 kg, ou 60 gramas por membro por mês.
No entanto, autoridades acreditam que muitos clubes estão desrespeitando a lei e vendendo maconha para turistas.
Créditos: VEJA.