Após votação histórica para aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados na madrugada desta sexta-feira (7/7), o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), voltou a procurar Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República, para falar sobre o tema.
O diálogo com Bolsonaro ocorre após duras críticas feitas pelo ex-presidente ao texto. Durante a tarde, antes da votação, Lira afirmou que chegou a mandar mensagem para o político, mas não teve retorno. Na manhã desta sexta, Arthur Lira disse que, após a aprovação da matéria em plenário, procurou novamente o ex-presidente e foi atendido.
“Falei com ele ontem, mandei uma mensagem, eu liguei para ele. Colocando justamente, sem fazer nenhum juízo de valor nem pedindo posicionamentos, que essa reforma nasceu no governo dele. Essa reforma foi tocada dentro do Congresso Nacional e ela era do país”, disse Lira em coletiva de imprensa.
O presidente da Câmara também teceu elogios a Tarcísio Gomes de Freitas, governador de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro. Apesar do histórico de oposição do estado de São Paulo à reforma tributária, Tarcísio chegou a um entendimento em comum com o governo federal e se posicionou de forma favorável à reforma.
O movimento desagradou Bolsonaro, que orientou a base do Partido Liberal, sigla da qual faz parte, a votar contra o texto. Lira afirmou que, durante a ligação com o ex-presidente, ressaltou o “tratamento correto” que Tarcísio deu à reforma. Ele também teria dito a Bolsonaro que a amizade do governador precisa ser “preservada”.
“Mais nada do que isso, conversamos rapidamente e fiz a ele uma observação de que o governador Tarcísio foi muito correto com o tratamento da PEC, e que é um amigo que precisa ser, acima de tudo, preservado”, afirmou.
Tarcísio x Bolsonaro
Na manhã desta quinta, Bolsonaro reuniu as bancadas do Partido Liberal e se posicionou contra a reforma. O encontro foi marcado por divergências entre o ex-presidente e o governador de São Paulo. Tarcísio chegou a ser hostilizado durante a reunião e foi interrompido por Bolsonaro a discursar. “Muitos ficaram chateados com Tarcísio, até eu”, disse o ex-mandatário.
O governador de São Paulo capitaneou reuniões entre outros gestores estaduais e o governo federal — em especial, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Historicamente, o estado de São Paulo costumava se posicionar de forma resistente à reforma tributária, devido às perdas de arrecadação na unidade federativa.Nesta manhã, Lira elogiou a posição favorável de Tarcísio à reforma.
“Quero agradecer em especial ao governador Tarcísio, que nós queremos aqui simbolicamente, em nome dele, falar da importância da interação entre Congresso e estados. O estado de São Paulo, como principal estado da federação a nível de economia, geração de emprego, renda e, principalmente, população, sempre teve uma postura muito crítica em relação à reforma tributária. São Paulo sempre foi um obstáculo em plenário para essas votações e, no dia de ontem, quero reconhecer a importância do governador Tarcísio na condução, na negociação, vindo dar a cara para defender o que é justo, importante”, disse o presidente da Câmara.
Aprovação da reforma
Com a aprovação expressiva da reforma tributária entre a noite de quinta (6/7) e a madrugada de sexta-feira (7/7), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emplaca uma das vitórias mais significativas no Congresso Nacional neste primeiro semestre.
A proposta enfrentou grande resistência, mas — sob a articulação do presidente da Casa Baixa, Arthur Lira (PP-AL) — conseguiu ser emplacada na Câmara dos Deputados. O texto agora vai ao Senado.
A sessão para discutir e apreciar a matéria teve início às 11h de quinta-feira e foi finalizada na madrugada do dia seguinte, por volta da 1h30. Em primeiro turno, a reforma foi aprovada por 382 votos a favor, 118 contra e três abstenções. Em segundo turno, contabilizaram-se 375 votos favoráveis, 113 contrários e três abstenções.
Metrópoles