As mudanças promovidas pela Jovem Pan News desde o início da semana não afetaram apenas profissionais de vídeo, como Adriana Reid e Vitor Brown: o canal de notícias mantido por Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, está com sérias dificuldades para manter suas contas no azul. A emissora cancelou dois de seus principais telejornais e cortou ainda mais seu tempo de programação ao vivo, passando a encerrar sua produção diária às 23h — no início da operação televisiva da companhia, em outubro de 2021, a rede tinha noticiosos inéditos até 2h da manhã.
O que você precisa saber
Atravessando um momento financeiro delicado, a Jovem Pan continua fazendo mudanças em sua programação;
O canal de notícias cancelou a produção do Jornal da Manhã 2ª Edição e das edições diárias do Fast News;
Além de Adriana Reid e Vitor Brown, profissionais que atuam atrás das câmeras foram demitidos pela emissora;
A empresa está sofrendo uma nova fuga de anunciantes com a oficialização da inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
O TV Pop apurou que a Jovem Pan decidiu descontinuar a produção do Jornal da Manhã 2ª Edição, transmitido apenas nas rádios do grupo e nas plataformas digitais da emissora. O telejornal, comandado por Marcelo Mattos, era um dos produtos mais tradicionais do conglomerado de mídia e chegou a ser exibido também na TV em grandes coberturas, como nas primeiras semanas da guerra na Ucrânia. Além dele, a rede também cancelou a exibição da edição diária do Fast News (anteriormente chamado de Headline News), que era comandada por Vitor Brown entre 22h e 0h.
Boa parte do espaço que era ocupada pelos dois telejornais está sendo ocupada por reapresentações de outros formatos, como Três em Um e Pânico. O humorístico de Emílio Surita, que até então tinha um compacto de melhores momentos no início das madrugadas, passou a fazer parte do horário nobre do canal de notícias e é reprisado na íntegra entre 23h e 1h da manhã. A primeira hora do Fast News, das 22h às 23h, será substituída por uma versão maior do Jornal Jovem Pan — o principal telejornal da rede, agora comandado apenas por Lívia Zanolini, terá três horas de duração.
Além das mudanças de programação e das demissões de Adriana Reid e Vitor Brown, a emissora está fazendo cortes em todos os seus setores ao decorrer desta semana: na segunda (10), boa parte dos profissionais que atuavam na atualização das redes sociais do conglomerado foram dispensados, assim como cinegrafistas e produtores. Nos próximos dias, a expectativa é de que as demissões afetem outros rostos conhecidos dos telespectadores, principalmente na reportagem — o TV Pop apurou que o planejamento é trocar medalhões por recém-formados que aceitem salários baixos.
Nos bastidores do canal de notícias, a avaliação unânime é de que a empresa está passando “por um momento delicado” desde a oficialização da inelegibilidade de Jair Bolsonaro. A Jovem Pan já vinha sofrendo com baixas em suas finanças desde que teve os seus canais nas plataformas digitais desmonetizados em novembro do ano passado, mas estava conquistando bons anunciantes em sua operação televisiva, além de ter conseguido manter sua base de patrocinadores bolsonaristas, responsáveis pela maior parte de ações de merchandising testemunhal nos programas da rede.
Jovem Pan enfrenta nova fuga de anunciantes
Essa base, no entanto, começou a se afastar da empresa desde que a continuação de sua concessão foi colocada em xeque pelo Ministério Público: temendo também virarem alvos de investigação, várias marcas já avisaram que não vão renovar os seus contratos com a Jovem Pan. Em paralelo a isso, a campanha de desmonetização organizada pelo Sleeping Giants segue provocando dores de cabeça em Tutinha, já que ela é um dos principais fatores para que grandes empresas não se aproximem do conglomerado, mesmo com o seu alcance em alta na internet e na TV por assinatura.
O departamento comercial do canal acredita que será quase impossível conseguir anunciantes que não queiram falar com “velhos, carecas e broxas” enquanto a rede não deixar de estar no centro das atenções — e até mesmo este nicho do mercado já não simpatiza com a empresa como antes. A maior esperança da Jovem Pan para sair da crise é a volta da monetização das suas plataformas digitais: emissários da companhia tem feito reuniões frequentes com o Google, mas ainda estão longe de conseguir convencer a multinacional de que são merecedores de uma segunda chance.
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