Apesar de ter recebido do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva a missão de empregar Wyllys, o ministro da Secom ainda não se reuniu com o ex-deputado para discutir o assunto e nem definiu que função ele vai ocupar. Tampouco há previsão de data na agenda do ministro para o encontro.
Na Secom, ninguém sabe informar que cargo será oferecido ao ex-deputado. Reservadamente, alguns auxiliares de Lula dizem preferir que ele não trabalhasse no governo.
Pimenta e Lula se reuniram com Wyllys no Palácio do Planalto no último dia 6 de julho, uma semana depois de a primeira-dama Janja postar em suas redes sociais um vídeo de boas vindas.
Na ocasião, Wyllys postou uma foto com os dois e a legenda: “Vocês, @LulaOficial e @Pimenta13Br , abrem-me seus abraços e a gente (re)constrói o país também desde a Comunicação!” Janja também recebeu Wyllys no mesmo dia e divulgou o encontro em suas redes.
Uma semana depois, no último dia 13, o Palácio do Planalto informou ao GLOBO que Wyllys passaria a fazer parte da equipe da Secom como assessor no planejamento de comunicação. O Planalto informou ainda que a nomeação sairia “nos próximos dias”.
Nos bastidores, porém, o clima é outro. Tanto Pimenta como alguns outros ministros palacianos consideram que Wyllys cria polêmicas desnecessárias que podem contaminar a comunicação do governo.
Por isso, preferiam não ter o ex-deputado no Palácio, e por isso estão adiando a decisão a respeito do cargo que ele ocupará de fato. A questão é como afastá-lo sem desagradar Lula e Janja.
O próprio presidente contou a seus auxiliares mais próximos ter convidado Wyllys para trabalhar com ele durante um encontro que tiveram em Madri em uma viagem presidencial à Espanha.
Desde que chegou ao Brasil, porém, Wyllys vem alimentando polêmicas como a briga com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a respeito das escolas cívico-militares.
Leite havia feito uma postagem dizendo que sua gestão vai manter as escolas que deixarão de receber recursos do governo federal. Wyllys, então, cutucou: “Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, bee!”
Causou apreensão na Secom, ainda, o fato de Wyllys ter publicado notícias e um vídeo com as acusações de abuso sexual que a ex-mulher do presidente da Câmara, Arthur Lira, vem fazendo contra ele. As críticas recorrentes ao que Wyllys chama de “imprensa neoliberal” também causam tensão na equipe da Secom .
Em suas postagens, o ex-deputado demonstra também ter notado a preocupação do entorno de Lula. No último sábado (15), ele escreveu no Twitter: “Sou o que sou, eu não douro pílula” (CV). E minha honestidade não está à venda, muito menos por cargo no governo. Quem me convidou para este sabe quem sou e como sou e atuo. E deve ter me convidado por isso. E não para me silenciar e nem me fazer capitular ao fascismo”.
Procurado pela equipe da coluna, Jean Wyllys disse por meio de sua assessoria de imprensa que não estava a par do impasse na Secom e que não falaria sobre o assunto.
Lula chega nesta quarta-feira ao Brasil e em já se sabe que em algum momento deve cobrar os auxiliares a respeito de Jean Wyllys. Antes disso não deve haver solução para o impasse.