A avaliação negativa do trabalho do STF (Supremo Tribunal Federal) caiu 9 pontos percentuais durante os 6 primeiros meses do governo Lula e atingiu a menor taxa desde 2021, quando o Judiciário passou a adotar atitudes mais duras contra o governo Bolsonaro. Em dezembro de 2022, 40% dos eleitores avaliavam o desemprenho da Suprema Corte como “ruim” ou “péssimo”. Hoje, são 31%. Os dados são de pesquisa PoderData realizada de 25 a 27 de junho.
A Corte é avaliada positivamente por 25% eleitores. É a 1ª vez desde o início da série histórica –em junho de 2021– que a diferença entre a avaliação positiva e negativa ficam tão próximas. Em março de 2022, no início do ano eleitoral, a diferença marcou pico de 23 pontos.
Há ainda 28% dos eleitores que acham o desempenho do STF “regular”. Outros 16% não sabem responder.
A pesquisa foi realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, com recursos próprios. Os dados foram coletados de 25 a 27 de junho de 2023, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 262 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.
Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, são mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.
STF X VOTO EM 2022
Dentre os eleitores que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 33% consideram o trabalho do STF como “ruim” ou “péssimo”. Nesse grupo, 20% acham “ótimo” ou “bom” e outros 26% consideram “regular”.
Já os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão divididos. Uma parcela de 28% acha que o desempenho do Supremo é “ruim” ou “péssimo”, enquanto outros 28% avaliam como “regular”. Para 30%, é “ótimo” ou “bom”.
POR QUE ISSO IMPORTA
Porque o Supremo Tribunal Federal tinha uma relação conflituosa com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A escalada retórica do então presidente contribuiu para que as taxas de ruim/péssimo da Corte atingissem seu ápice em setembro de 2022: 46%. Como mostrou o PoderData, a avaliação negativa do STF crescia de maneira quase constante desde 2021.
Entretanto, desde o 8 de Janeiro, a Corte passou a acuar quem lhe fazia de alvo. O retorno de Lula à Presidência deu aos togados uma espécie de direito auto-atribuído de “salvar a democracia”. Desde a marcha triunfante com governadores e ministros de Estado às sedes depredadas da República, o Judiciário:
denunciou 1.246 envolvidos nos atos extremistas e manteve cerca de 250 em regime fechado;
mandou prender Anderson Torres, Mauro Cid e autorizou buscas na casa de Bolsonaro;
e, numa das derradeiras pás de terra sob a Lava Jato, chancelou a cassação do mandato do ex-procurador Deltan Dallagnol.
Em paralelo, o TSE –cujo comando sempre cabe a 1 dos 11 ministros do STF– também tomou decisões relevantes e de amplo alcance midiático. O apogeu de sua vendetta contra o bolsonarismo teve seu capítulo mais recente na 6ª feira (30.jun): decretou a inelegibilidade do ex-presidente até 2030 –julgamento que começou em 22 de junho com grande visibilidade na mídia e aplausos quase unânimes dos analistas de poltrona nas TVs de notícias. O efeito positivo pró-Supremo foi captado pelo PoderData.
Tudo considerado, a necessidade de arrefecer seus rompantes faz com que o discurso de Bolsonaro tenha menor influência na avaliação geral da Corte. Sob Lula, tudo o que o Supremo mais quer é ser visto como salvador da democracia –conquanto seus ministros transitem por Brasília em carros blindados, voem pelo país em aviões da FAB e palestrem no exterior sobre seu heroísmo. Por ora, a queda na avaliação negativa mostrada pela pesquisa indica que esse objetivo tem sido atingido.
Poder 360