Entre os estados que reverteram os altos índices de desmatamento está o Amazonas, com uma queda de 55,2% no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado. Já no Cerrado, a tendência de alta se mantém.
O total de áreas sob alertas de desmatamento na Amazônia apresentou uma queda de 33,6%, enquanto no Cerrado houve um aumento de 21% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os dados foram coletados pelo sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).
- Total de areas sob alerta de desmate caiu 33,6% no 1º semestre deste ano;
- Amazonas teve redução de 55,2%, revertendo a tendência anterior de altos índices;
- Mato Grosso foi o que registrou o maior aumento de 34%, com um total de 905 km² perdidos;
- Em junho, houve queda de 41% em comparação com o mesmo mês em 2022.
AMAZÔNIA LEGAL: áreas sob alerta de desmatamento entre janeiro e junho (2016-23)*
*Índice considera o ano civil
- Alertas cresceram 21% no 1º semestre deste ano;
- Ao todo, 26 municípios concentram cerca de 50% dos alertas nesse período;
- A Bahia é o estado com recorde de municípios que registraram alertas (10), seguida por Tocantins (5), Maranhão (5) e Piauí (4);
- Em junho, houve uma queda de 14,6%, na comparação com o mesmo mês em 2022.
CERRADO: áreas sob alerta de desmatamento entre janeiro e junho (2018-23)*
*índice considera o ano civil
A ministra da pasta, Marina Silva, disse que o governo “voltou a ser transparente” com a divulgação dos dados, mesmo que ainda não sejam o esperados, e com a apresentação das ações.
“Ninguém fica brigando com os dados do satélite, escondendo o satélite, querendo demitir o presidente do Inpe”, disse Marina.
O secretário-executivo José Paulo Capobianco ressaltou ainda que a atual gestão assumiu o comando do combate ao desmatamento com um saldo negativo de 4,8 mil km² de desmatamento, que é a área acumulada no segundo semestre do ano passado.
“Nós atingimos o primeiro objetivo que foi rever a tendência de alta”, disse Capobianco.
O governo destaca os resultados obtidos pelo estado do Amazonas como um dos exemplos das conquistas. O estado era uma das unidades da federação que apresentavam altos índices de desmatamento e teve queda de 55,2% no total dos alertas no ano.
No entanto, os dados preocupantes revelam que o desmatamento no Cerrado continua em crescimento, com 26 municípios concentrando cerca de 50% dos alertas.
Para Beto Mesquita, Membro da Coalizão Brasil e diretor de Florestas e Políticas Públicas da BVRio, os números mostram que a tendência de crescimento foi interrompida.
“O que a gente está observando provavelmente já é efeito da intensificação das ações de comando e controle, de fiscalização e também das decisões que têm sido tomadas com relação aos embargos através do Cadastro Ambiental Rural”, afirma Mesquita.
A especialista em conservação Ana Carolina Crisóstomo do WWF-Brasil afirma que os dados sobre o Cerrado ainda são preocupantes. “Temos que trazer um novo olhar, deixar de tratá-lo como segundo plano e ressaltar cada vez mais a sua importância, pois sem ele não existe água para a população”, diz Crisóstomo.
De acordo com André Lima, secretário extraordinário do Ministério do Meio Ambiente, as estratégias têm que ser diferentes das que são aplicadas na Amazônia. “Os estados têm muito mais poder e responsabilidade porque podem autorizar mais e têm a responsabilidade de fiscalizar”, afirma.
O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) é considerado o sistema mais preciso para medir as taxas anuais.
De acordo com o último relatório do Prodes, divulgado em novembro, a área desmatada na Amazônia foi de 11.568 km² entre agosto de 2021 e julho de 2022 (o equivalente ao tamanho do Catar).
O índice representa uma queda de 11% do total da área desmatada entre a última temperada (agosto de 2020 – julho de 2021). Na edição anterior, o número foi de 13.038 km², maior número desde 2006.
Apesar dessa queda pontual, o desmatamento na Amazônia cresceu 59,5% durante os quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a maior alta percentual num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988.