“No referendo de 2013, 99,8% dos habitantes das Falklands votaram a favor de serem parte da família britânica. Argentina e UE deveriam ouvir sua escolha democrática”, tuitou o ministro das Relações Exteriores britânico, James Clevery
O Reino Unido censurou, ontem, a União Europeia (UE) por incluir o termo Ilhas Malvinas ao se referir ao arquipélago disputado com a Argentina — denominado Falklands pelos britânicos — na declaração da cúpula com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A reprovação acabou gerando um atrito entre os chanceleres dos dois países nas redes sociais.
“No referendo de 2013, 99,8% dos habitantes das Falklands votaram a favor de serem parte da família britânica. Argentina e UE deveriam ouvir sua escolha democrática”, tuitou o ministro das Relações Exteriores britânico, James Clevery.
A resposta do chanceler argentino, Santiago Cafiero, não tardou. “Estimado Secretário @JamesCleverly: o Reino Unido viola a integridade territorial da Argentina há 190 anos”, postou Cafiero, na mesma rede social. “O pretenso ‘referendum’ que (você) invoca não tem valor para o Direito Internacional nem modifica o estipulado pelas mais de 50 resoluções das Nações Unidas, nem a obrigação do Reino Unido de pôr fim ao colonialismo em todas as suas formas e resolver a disputa pacificamente”, acrescentou.
Por sua vez, o presidente argentino, Alberto Fernández, comemorou o uso do termo Malvinas na declaração. “Demos mais um passo, uma vitória diplomática histórica: um povo inteiro levou as #Malvinas para uma declaração birregional”, destacou.
A declaração final em inglês da cúpula UE-Celac, realizada esta semana, incluiu tanto o termo Malvinas como Falklands para se referir ao arquipélago do Atlântico Sul, por cuja soberania os dois países se enfrentaram militarmente em 1982.
O documento redigido em espanhol, no entanto, mencionou apenas Ilhas Malvinas, no ponto 13: “Quanto à questão da soberania sobre as Ilhas Malvinas, a União Europeia toma nota da posição histórica da Celac, baseada na importância do diálogo e no respeito ao Direito Internacional na solução pacífica de controvérsias”.
O porta-voz do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak havia criticado, ainda na quarta-feira, o que classificou como “lamentável escolha de palavras” usadas pela UE. “Sejamos claros, as Ilhas Falklands são britânicas. Essa é a escolha feita pelos próprios habitantes da ilha (no referendo de 2013)”, observou.
Há 41 anos, o arquipélago do Atlântico Sul, situado a 400km do litoral argentino e a quase 13 mil quilômetros do Reino Unido, foi palco de uma guerra de 74 dias, que deixou quase mil mortos. A Argentina defende que as ilhas, herdadas da coroa espanhola após sua independência, foram ocupadas por tropas britânicas em 1833. Uma resolução da ONU de 1965 reconhece um conflito pela soberania do território e insta ambos os países a negociar.
Créditos: Correio Braziliense.