O Madero fechou duas unidades da hamburgueria Jeronimo em São Paulo, uma na Vila Madalena e outra em Pinheiros. A empresa passa por uma reestruturação nas finanças, ainda abaladas pelas medidas sanitárias para conter a pandemia de covid-19 no País e por seu modelo de negócio de alto custo.
A dívida bruta, de R$ 988,9 milhões, representa 71% da receita líquida do Madero em 2022, que foi de R$ 1,48 bilhão. Por isso, o Madero tem feito uma análise das operações menos rentáveis, que estão sendo fechadas.
Neste ano, a marca Jerônimo ganhou apenas uma nova unidade, em Curitiba (PR). Já uma loja da marca principal do Madero foi inaugurada no aeroporto de Congonhas (SP), quebrando o jejum de lançamentos depois de pisar no freio em 2022 para reduzir o endividamento.
Além da marca própria, a companhia tem lojas do Jeronimo, da Legno, de comida italiana, e da Dundee, de frango frito. A marca Jeronimo foi criada em 2017 pelo empresário Junior Durski, fundador e CEO, com o nome em homenagem ao seu tataravô.
De acordo com a empresa, a marca Jeronimo não deixará de existir. Trata-se apenas de uma gestão de portfólio de lojas, considerando a rentabilidade de cada unidade. O Madero prevê fechar o ano com um modesto aumento no número total de lojas, incluindo todas as suas marcas.
O sócio fundador da Food Consulting, Sérgio Molinari, afirma que o endividamento do Madero se dá devido ao seu modelo de negócios. Porém, a rolagem de uma dívida bilionária é indicativo de que os credores veem boas perspectivas para o segmento de alimentação fora do lar.
“O Grupo Madero tem um modelo de desenvolvimento próprio, com fábricas e grande produção de orgânicos. É uma linha de altíssimo investimento que assegura coisas importantes em termos de qualidade, diferenciação, saudabilidade e sustentabilidade. Mas tudo isso tem um custo”, diz Molinari.
O especialista avalia ainda que o fechamento de unidades de uma rede como o Jeronimo não é um sinal positivo, especialmente porque a rede depende de um alto volume de tráfego para ter rentabilidade, como acontece com concorrentes como McDonald’s e Bob’s.
No primeiro trimestre de 2023, o Madero teve aumento de 29% na receita ante igual período no ano anterior, fechando março com R$ 392,9 milhões. O prejuízo líquido caiu 20%, indo a R$ 43,5 milhões.
A empresa diz que os juros altos na economia brasileira exigiram aumento de caixa, o que levou a despesas não recorrentes no começo deste ano.
“Os resultados de 2022 foram bastante satisfatórios, consolidando um período de diversos desafios superados e crescimento relevante. No período, inauguramos 20 novas operações, atingindo a marca de 275 restaurantes multimarcas”, escreveu Durski, em comunicado divulgado no balanço no qual a empresa informou ter conseguido renegociar a dívida junto aos credores. Hoje, a empresa tem 273 unidades.
O Madero é parte do grupo de empresa que estava na fila da abertura de capital na bolsa de valores em 2021, mas decidiram desistir da operação devido às mudanças no cenário macroeconômico. Outros casos são Iguá Saneamento, Lupo e Coty.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a renegociação de dívidas do Madero atenua o endividamento da empresa, mas a tese da necessidade de um pedido de recuperação judicial para pagar os credores ganha cada vez mais força no mercado devido ao crescimento da dívida, em grande parte, devido ao patamar elevado da taxa Selic.
Créditos: Estadão.