Cerca de 94% da população nauruana está acima do peso, e o diabetes atinge 66% das pessoas acima de 55 anos
Em 1968, eles conquistaram a independência da Austrália, assumindo o controle das minas de fosfato da região, após 70 anos distribuindo riquezas. Nas duas décadas seguintes, o governo de Nauru persistiu na exploração dos depósitos minerais, colocando brevemente sua pequena república no 11º lugar do ranking de maior renda per capita do mundo, sim, à custa do esgotamento de recursos.
O processo de aculturação, além do terreno, minou a cultura de um povo que abraçou o estilo de vida e a alimentação ocidentais. Duas décadas de riqueza que mudaram as margens de sua ilha para as da sociedade de consumo: companhia aérea, comunicações, importação de alimentos industrializados, álcool, automóveis, eletrodomésticos e televisões que incentivavam o sedentarismo, sob a égide de um governo que aboliu os impostos e o desemprego e pagou pelos serviços de saúde e educação de todos os habitantes.
Na década de 1990, quando o encanto da opulência passou, Nauru era um deserto desolado no meio do nada. Em menos de um século, passaram de uma dieta restritiva à base de mariscos, aquacultura da lagoa da Buada, colheita de tubérculos e frutas como o pândano, para o spam e a carne de sol enlatada. Desde as preparações simples cozidas em folha de bananeira, caldos de peixe com leite de coco e frutas, aos quais se adaptou a genética dos nauruanos, até ovos fritos e frango com arroz.
Essa deterioração dos hábitos alimentares, aliada à falta de exercícios físicos, rendeu a Nauru, portanto, o título de país mais gordo do mundo.
O Globo