Num show repleto de sucessos, com um público enorme, Maria Bethânia comemorou, no palco, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por oito anos. Assim que acabou de cantar a música Cálice, de Chico Buarque, ela bradou: “Inelegível, oito anos, viva o Brasil”. A maior parte do público aplaudiu a cantora, mas houve alguns esboços de reações contrárias. O local onde a artista fez o concerto — Jardins do Marquês — fica em Oeiras, próxima a Cascais, reduto bolsonarista em Portugal.
Mas Bethânia não se intimidou. Sabia que estava correndo o risco de ser atacada. Para a cantora, os últimos quatro anos no Brasil foram de enorme retrocesso, imperando o discurso do ódio. As manifestações de apoio à inelegibilidade de Bolsonaro se repetiram por diversas vezes durante a apresentação da banda A cor do Som, que encerrou o segundo dia do festival de música, uma marca do verão português. O público, repetiu por diversas vezes as palavras de Bethânia e os mais exaltados pediam a prisão de Bolsonaro.
Nas últimas eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu a disputa com quase 65% dos votos nos três colégios eleitorais de Portugal — Lisboa, Faro e Porto. A capital portuguesa, isoladamente, reúne o maior grupo de eleitores brasileiros fora do Brasil. São mais de 45 mil cidadãos com registro junto ao Consulado. No total, são 80,8 mil votantes em Portugal. Em 2018, o resultado foi completamente diferente, com Bolsonaro derrotando, com ampla vantagem, o então candidato petista, Fernando Haddad.