Autoridades da Coreia da Norte detiveram um cidadão americano que entrou no país pela fronteira sem autorização, informou nesta terça-feira (18), um órgão da ONU responsável por garantir a segurança na fronteira entre as Coreias. A pessoa seria um soldado do Exército dos Estados Unidos, de acordo com uma autoridade americana que falou com o Washington Post sob condição de anonimato.
O Comando da ONU postou no Twitter que o cidadão americano estava em uma excursão ao vilarejo sul-coreano de Panmunjom e cruzou a fronteira para o norte sem autorização.
– Acreditamos que ele está atualmente sob custódia da RPDC e estamos trabalhando com nossos homólogos KPA para resolver este incidente – disse o Comando das Nações Unidas, referindo-se à República Popular Democrática da Coreia e suas forças armadas.
O indivíduo americano, cujo nome as autoridades da ONU não identificaram, estava visitando a Área de Segurança Conjunta que separa as Coreias do Norte e do Sul durante uma “viagem de orientação”, disseram as Nações Unidas. Ele cruzou a linha de demarcação militar que atravessa a zona desmilitarizada e foi para a Coreia do Norte, onde foi detido, acrescentou.
A Área de Segurança Conjunta é uma bolha de 800 metros de largura dentro da zona desmilitarizada entre as Coreias do Norte e do Sul, onde podem ocorrer discussões diplomáticas. A área de fronteira, uma das mais fortificadas do mundo, é supervisionada pela ONU em conjunto com a Coreia do Norte.
De acordo com o Comando das Nações Unidas, cidadãos coreanos e turistas estrangeiros podem visitar mais de uma dúzia de “locais do Programa de Educação e Orientação” dentro da zona desmilitarizada, onde os visitantes podem aprender sobre a Guerra da Coreia e o subsequente acordo de armistício.
Em 2017, o Departamento de Estado impôs uma proibição de viagem a cidadãos americanos que iam para a Coreia do Norte após a morte de Otto Warmbier, um estudante americano que viajou para Pyongyang em um grupo de turismo em 2015 e foi detido sob a acusação de roubar um pôster de propaganda. Ele morreu dias depois de voltar para casa em coma.
O governo dos EUA é incapaz de fornecer serviços de emergência a seus cidadãos no país, observa o Departamento de Estado em seu comunicado de viagem à Coreia do Norte, porque não existem relações diplomáticas ou consulares entre Washington e Pyongyang.
Casos de americanos ou sul-coreanos desertando para a Coreia do Norte são raros, embora mais de 30 mil norte-coreanos tenham fugido para a Coreia do Sul para evitar a opressão política e dificuldades econômicas em casa desde o fim da Guerra da Coreia de 1950-1953.
Houve um pequeno número de soldados americanos que fugiram para a Coreia do Norte durante a Guerra Fria, incluindo Charles Jenkins, que abandonou seu posto militar na Coreia do Sul em 1965 e fugiu pela zona desmilitarizada. Ele apareceu em filmes de propaganda norte-coreanos e se casou com uma estudante de enfermagem japonesa que havia sido sequestrada por agentes norte-coreanos. Ele morreu no Japão em 2017.
Nos últimos anos, alguns americanos foram presos na Coreia do Norte após supostamente entrarem no país vindos da China. Mais tarde, eles foram condenados por espionagem e outros atos antiestatais, mas muitas vezes foram libertados depois que os EUA enviaram missões de alto nível para garantir sua liberdade.
Em 2018, a Coreia do Norte libertou os últimos três detidos americanos conhecidos enquanto o líder norte-coreano Kim Jong-un estava envolvido em diplomacia nuclear com o então presidente Donald Trump. A diplomacia de alto risco entrou em colapso em 2019 em meio a disputas sobre as sanções lideradas pelos Estados Unidos à Coreia do Norte.
A travessia da fronteira desta terça (18) aconteceu em meio a altas tensões sobre a série de testes de mísseis da Coreia do Norte desde o início do ano passado. Os Estados Unidos enviaram um submarino com armas nucleares para a Coreia do Sul pela primeira vez em décadas como dissuasão contra a Coreia do Norte.
*AE