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Requerimento foi apresentado por André Fernandes (PL-CE), investigado pela PF por supostamente ter incitado a invasão à Praça dos Três Poderes
Investigado pela Polícia Federal sob suspeita de incitar os atos de 8 de janeiro, o deputado federal André Fernandes (PL-CE) apresentou nesta segunda-feira, 19, pedido para que a CPI que investiga a invasão da Praça dos Três Poderes convoque a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Protocolado em um colegiado de controle absoluto de governistas, que recentemente barrou a possibilidade de ida do então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, o requerimento que mira Janja tem remotíssimas chances de aprovação.
Embora investigado por insuflar o quebra-quebra de 8 de janeiro e defender a abolição violenta do Estado Democrático de Direito, partiu do parlamentar o pedido da criação da CPI. Ele baseia as requisições de convocação em uma recente biografia da primeira-dama segundo a qual ela teria vetado a possibilidade de o presidente Lula decretar uma operação de garantia da lei e da ordem (GLO) diante da depredação das sedes dos três poderes. De acordo com a versão apresentada na biografia, Janja teria atribuído a hipótese de GLO, medida segundo a qual o Exército passa a ter poder de polícia para conter situações de tensão, a um verdadeiro “golpe”.
Parte da cúpula da comissão avalia que requerimentos como o de Fernandes não passam de fumaça para tirar o foco dos verdadeiros responsáveis pelo que aconteceu. Reforça a interpretação dos dirigentes da CPI o fato de o deputado ter feito outros pedidos, como solicitações sobre a viagem feita pelo presidente Lula a São Paulo naquele dia e a relação de idosos, crianças, adolescentes e pessoas com deficiência presas por conta do episódio. Conforme dados do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal prendeu em flagrante 2.151 pessoas que haviam participado dos atos – 745 foram liberadas na sequência por serem maiores de 70 anos, apresentarem comorbidades ou estarem com filhos menores de 12 anos no quebra-quebra.
Ao mirar a viagem de Lula, que estava na cidade de Araraquara na tarde do dia 8 para verificar estragos causados pelas chuvas que atingiam a região, o parlamentar replica a versão de oposicionistas segundo a qual parte do Executivo teria sido deliberadamente negligente com o vandalismo nos prédios públicos por ter ignorado avisos de setores de inteligência sobre o risco de violência nos protestos.
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