REPRODUÇÃO: TIKTOK / @ETERNOOS
Material que circula nas redes mostra cinco pessoas dentro de uma espécie de cabine; uma delas lamenta a situação e diz adeus
Circula nas redes sociais um vídeo da suposta despedida dos tripulantes do submersível Titan. A embarcação desapareceu no último dia 18, e quatro dias depois a Guarda-Costeira dos Estados Unidos anunciou que a estrutura havia sofrido uma implosão, o que levou à morte instantânea de todos os cinco tripulantes a bordo.
O material está sendo compartilhado como se fosse autêntico, mas foi criado por meio de inteligência artificial a partir de imagens de uma entrevista concedida pelo fundador e diretor da OceanGate, Stockton Rush, em 2019, segundo a agência de notícias Reuters. Até a última sexta-feira (23), mais de 3,2 milhões de usuários do Facebook e do Instagram haviam visto o conteúdo. Um usuário do TikTok publicou o vídeo em sua conta na última quinta-feira (22), mas afirmou que as imagens haviam sido desenvolvidas por inteligência artificial, diferentemente de outros internautas.
“Meus amigos, minha família, hoje é minha última noite de oxigênio aqui no fundo do mar”, lamenta, no vídeo, um dos supostos tripulantes. “Estamos presos aqui no fundo do oceano em nossa expedição ao Titanic. O ambiente aqui é sombrio e triste. Este é meu adeus, meus amigos. Obrigado.”
Das cinco pessoas retratadas no vídeo, apenas uma delas realmente era um dos tripulantes do Titan — o CEO e fundador da OceanGate, Stockson Rush. As outras, não. A Reuters identificou que um vídeo semelhante ao usado nos posts, no qual aparecem as mesmas pessoas e cenário, foi divulgado no canal da OceanGate no YouTube, em setembro de 2019.
A Guarda-Costeira dos EUA acredita que o Titan tenha sido implodido no próprio domingo (18), quando a embarcação foi reportada como desaparecida. Portanto, tudo leva a crer que os tripulantes nem sequer imaginavam que morreriam. Eles também não sofreram com a falta de oxigênio e tiveram uma morte rápida e indolor.
Uma implosão é um processo no qual objetos são destruídos ao colapsar sobre si mesmos, conforme explicou ao R7 o professor de física Leandro Tessler, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O processo ocorre quando a pressão externa é maior do que a pressão que o objeto consegue suportar. Nesses casos, ele é esmagado e reduzido a algo semelhante a uma latinha de refrigerante pisada.
Outros casos de subaquáticos desaparecidos
Esta não foi a primeira vez que um veículo subaquático, como um submersível ou submarino (embarcação maior que um submersível), desapareceu no oceano e teve um fim trágico. Em 2000, o Kursk (K-141), um submarino nuclear, afundou no mar de Barents com uma tripulação de 118 homens e foi encontrado a 118 metros de profundidade. O acidente é visto como uma das maiores tragédias subaquáticas da história.
Mais recentemente, em novembro de 2017, o submarino ARA San Juan naufragou na costa da Argentina com 44 tripulantes. A embarcação só foi encontrada após mais de um ano de buscas, a 900 metros de profundidade.