A implosão do submarino Titan, da empresa OceanGate, é o incidente mais recente do século 21 envolvendo embarcações submersíveis. No entanto, desde o ano 2000, outros 6 incidentes foram registrados, sendo que não houve sobreviventes em quase todos.
O caso mais conhecido e um dos mais letais foi o que envolveu o submarino Kursk, da Rússia, em 2000. O acidente causou a morte de 118 tripulantes que estavam a bordo da embarcação. O 2º mais letal foi em 2017. A Argentina perdeu o contato com o veículo ARA San Juan, que afundou depois de uma explosão. No incidente, 44 pessoas morreram.
Antes do Titan, o episódio mais recente se deu em 2021 com o Submarino Kri Nanggala-402, da Indonésia.
Leia abaixo sobre os principais acidentes:
SUBMARINO KURSK, DA RÚSSIA, EM 2000
É um dos acidentes mais letais com submarinos. O submarino nuclear Kursk realizava o exercício naval Summer-X, no Círculo Polar Ártico, quando afundou no mar de Barents, na costa ártica da Rússia, em 12 de agosto de 2000. Ele foi localizado a 108 metros de profundidade 1 dia depois. Os 118 tripulantes do veículo morreram.
O Kursk estava equipado com 24 mísseis de cruzeiro Granit. Segundo a Marinha russa, ele não carregava ogivas nucleares, então não houve perigo de vazamentos de radiação.
A investigação da Rússia concluiu que uma explosão de torpedo provavelmente foi a causa do acidente. Também houve uma 2ª explosão que abriu um buraco na proa e provavelmente matou a maior parte da tripulação instantaneamente.
Depois, as autoridades russas anunciaram que o combustível líquido que usavam em seus mísseis era conhecido por ser instável em condições diferentes de temperatura e pressão.
O caso foi registrado 4 meses depois de Vladimir Putin ter assumido a presidência da Rússia. Na ocasião, Putin estava de férias e não retornou a Moscou no dia do incidente. O líder russo visitou o local do resgate somente 9 dias depois. A maneira como lidou com sua 1ª grande crise enquanto estava no cargo foi amplamente criticada.
SUBMARINO 361, DA CHINA, EM 2003
O veículo também chamado de Great Wall ou Ming 3 realizava um exercício militar no mar Amarelo, entre a Coreia do Norte e a província chinesa de Shandong, quando teve uma falha mecânica em 16 de abril de 2003. O acidente foi causado porque o motor a diesel do submarino, que não foi desligado corretamente, esgotou o oxigênio enquanto a embarcação estava submersa. Todos os 70 tripulantes morreram sufocados.
Em algum momento, acredita-se que o submarino emergiu porque o veículo foi encontrado 9 dias depois (em 25 de abril), por pescadores chineses, que notaram o periscópio (ferramenta para observação) da embarcação acima da superfície da água.
SUBMARINO NERPA, DA RÚSSIA, EM 2008
Também conhecido como K-152, o submarino realizava testes no mar do Japão quando o sistema de extinção de incêndio foi acidentalmente ativado em 8 de novembro de 2008. O acionamento liberou gás CFC (cloro-flúor-carbono) em compartimentos do veículo que asfixiou parte dos tribulantes.
Por estar em fase de teste, o Nerpa tinha a bordo 208 pessoas, sendo 81 militares e 127 civis, incluindo engenheiros. No incidente, 20 pessoas morreram asfixiadas. Outras 41 se feriram. Muitos tiveram queimaduras por causa do efeito de resfriamento do gás.
SUBMARINO SINDHURAKSHAK, DA ÍNDIA, EM 2013
Uma explosão no compartimento da bateria do veículo, em 14 de agosto de 2013, causou a morte de 18 militares da Marinha indiana.
A embarcação, que havia passado por uma reforma na Rússia, estava atracada no porto de Mumbai, na Índia. Por isso, outros integrantes da tripulação conseguiram escapar pulando do submarino. Por causa da explosão, o veículo afundou mesmo depois do fogo ser controlado.
Um relatório preliminar da Marinha da Índia indicou que “um acidente ou manuseio inadvertido de munição” foi a causa das explosões. No entanto, as investigações só foram concluídas depois que o submarino foi resgatado em 6 de junho de 2014. A análise final concluiu que o motivo do desastre foi um erro humano causado pelo cansaço da tripulação.
SUBMARINO SAN JUAN, DA ARGENTINA, EM 2017
Enquanto realizava um exercício de rotina na costa da Argentina, o submarino ARA San Juan desapareceu em 15 de novembro de 2017. O veículo só foi encontrado cerca de 1 ano depois, em 17 de novembro de 2018, a 907 metros de profundidade na parte sul do Oceano Atlântico. As 44 pessoas a bordo da embarcação morreram.
Investigações indicaram que o acidente foi causado por uma implosão do veículo. No entanto, autoridades não sabem até hoje o que causou o episódio.
SUBMARINO KRI NANGGALA-402, DA INDONÉSIA, EM 2021
O veículo realizava manobras de treinamento no mar ao norte da ilha de Bali quando perdeu o contato com a Marinha da Indonésia em 21 de abril de 2021. O desaparecimento se deu depois que a embarcação recebeu autorização para mergulhar.
O Kri Nanggala-402 foi encontrado 4 dias depois, em 25 de abril de 2021, dividido em 3 partes por causa da pressão. Todos os 53 tripulantes morreram.
Investigações indicaram que o submarino rachou gradualmente, conforme foi afundando. O processo começou quando ele estava em uma profundidade de 300 a 500 metros. A estrutura do veículo é feita para suportar a pressão até 200 metros de profundidade. Depois disso, ele corria o risco de colapsar. Varreduras realizadas com sonar detectaram objetos em regiões em até 850 metros.
A LETALIDADE DOS SUBMARINOS
Quando um acidente com um submarino ou submersível é registrado no fundo do mar, as chances de sobreviventes são quase nulas. Segundo o diretor do Instituto de Oceanografia da USP, a principal explicação para essa margem mínima de sobreviventes é porque a água “não é um meio comum do ser humano”.
“Por exemplo, um avião cai, mas você está no ambiente terrestre. Se você sobreviveu, você consegue respirar, consegue pelo menos tentar sobreviver. Agora, em um ambiente aquático, onde o submersível está no fundo do mar, a chance de você sobreviver se o submersível abrir ou se acontecer alguma coisa é mínima. Fora a pressão que é muito grande”.
Sumida explica que quanto maior a profundidade de um veículo no mar, maior é a pressão sobre ele. Os destroços do Titanic, por exemplo, estão localizados a 3.800 metros, onde há uma pressão quase 400 vezes maior em comparação ao ambiente em que vivemos.
“No ambiente aéreo estamos sujeitos a uma atmosfera de pressão, que, na verdade, é o peso da coluna de ar que está em cima da gente. Quando eu entro no oceano, a água é muito mais densa do que o ar. Então, a cada 10 metros [de profundidade] aumenta uma atmosfera”, disse.
Essa pressão do fundo do mar é exercida contra o casco do veículo. A parte interna da embarcação fica sob efeito de uma atmosfera. “Como houve uma ruptura do casco, o que aconteceu foi que o submersível implodiu, ou seja, ele foi esmagado porque todo aquele ar que tava dentro do casco foi comprimido em um volume mínimo”, afirmou.
Créditos: Poder 360.