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Presidente critica mídia e afirma que seu governo respeita o Congresso e que votações serão assim em seu mandato
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) criticou nesta 5ª feira (1º.jun.2023) a cobertura midiática da votação da MP (Medida Provisória) de reestruturação dos Ministérios. Além disso, afirmou que ficou “surpreso” com críticas à articulação política de seu governo e que vai ser assim “durante todo seu mandato”.
“Nós temos um problema que quando a gente fala demais a gente pode queimar a língua. Ontem, eu fiquei surpreso em como a votação foi tratada. Inúmeros meios de comunicação passaram para a sociedade a ideia de que o governo estava destruído, que o governo iria ser massacrado. Que o Congresso não ia aprovar”, declarou a jornalistas depois de encontro com o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö.
Depois de vários dias de escalada da tensão entre Câmara e Planalto, os deputados aprovaram na 4ª feira (31.mai) a MP (medida provisória) 1.154 de 2023 que reestruturou a Esplanada, aumentando de 23 para 37 o número de ministérios no governo Lula 3.
Para conseguir a vitória, Lula teve de pressionar seus ministros para que fosse reservado R$ 1,7 bilhão de emendas ao Orçamento para beneficiar obras indicadas por congressistas. Azeitou assim a máquina da fisiologia que há décadas funciona como principal motor para um presidente que precisa de apoio no Legislativo.
CONTROLE NA CÂMARA
Além disso, o petista conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira(PP-AL), que comanda cerca de 300 deputados de maneira muito firme. Lira disse aos seus aliados que daria um último “voto de confiança” ao Palácio do Planalto porque ouviu de Lula uma promessa de melhora na coordenação política do governo.
O texto correu risco de nem mesmo ser votado em plenário, e a votação ficou incerta até o início da noite de 4ª feira (31.mai). Prevista para iniciar pela manhã, a votação só começou às 21h17. Na 3ª feira (30.mai), Lira adiou a votação da proposta. Prevaleceu o entendimento entre os deputados de que a medida teria dificuldades para ser aprovada, caso fosse pautada.
Pouco antes da votação, PP, Republicanos e União Brasil ainda estavam reunidos com suas bancadas para discutir como votariam. Na orientação da bancada, só Novo e PL orientaram contra o texto. Os deputados da oposição criticaram o aumento do número de ministérios e o “inchaço” da máquina pública.
O conteúdo da MP já era uma questão superada, mesmo com as mudanças no Ministério do Meio Ambiente, com esvaziamento de poder da ministra Marina Silva. A votação da medida foi atrasada e colocada como incerta por causa do impasse entre Câmara e Planalto.
LIBERAÇÃO DE VERBAS
O Poder360 apurou que o atraso na liberação de emendas e em nomeações são motivos de insatisfação dos deputados. Líder do PT na Câmara, o deputado Zeca Dirceu (PR) afirmou que o atrito com o governo está relacionado à falta de “previsibilidade e velocidade” das negociações com o Executivo.
Na chegada à Câmara, Lira fez duras críticas e responsabilizou o governo pela demora na votação e uma eventual rejeição do texto: “Não é por culpa do Congresso. Se hoje o resultado não for de aprovação ou de votação da medida provisória não deverá a Câmara ser responsabilizada pela falta de organização política do governo”.
Lula disse nesta 5ª (1º.jun) que seu governo respeita o Congresso e que não quer que o Legislativo seja submisso ao Executivo. Também afirmou que é natural que haja mudanças nos textos enviados pelo Planalto.
“É preciso compreender a natureza da política. A política não é uma ciência exata, sabe, como 2 mais 2. A ciência (sic) muda de acordo com a discussão, ela muda de acordo com o comportamento dos partidos políticos. E foi isso que aconteceu ontem”, disse.
“Nós conseguimos aprovar a organização do governo com muito mais voto do que a gente esperava e será assim em outras votações. Porque nós, nesse governo, respeitamos o Congresso Nacional e achamos que o Congresso Nacional não pode ser submisso ao governo. Ele não tem obrigação de aprovar o que eu quero”.
Lula declarou ainda que a votação desta 4ª (31.mai) foi “muito interessante”, apesar das críticas e da possibilidade de derrota para o governo: “Para mim, foi muito interessante, muito importante, e isso é o que vai acontecer durante todo o meu mandato”.
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