Foto: Reprodução/TikTok.
Em outubro do ano passado, um vídeo de uma idosa com o rosto queimado viralizou nas redes sociais. Mais recentemente um jovem também fez sucesso na internet mostrando as marcas de seu rosto desfigurado. Em ambos os casos se trata de um procedimento estético considerado invasivo e doloroso, chamado de peeling de fenol.
Apesar de não ser algo recente na indústria da beleza, a sua procura tem se intensificado exatamente por ter eficácia, porém é um procedimento agressivo e especialistas da área alertam que o processo não é indicado para todas as pessoas.
Na técnica, o fenol entra pela epiderme, que é a camada mais superficial da pele, causando uma necrose e induzindo uma reação inflamatória nas camadas mais profundas, como a derme.
O procedimento estimula a produção de colágeno, proteína determinante no processo de rejuvenescimento facial, “criando” uma nova pele. Porém, deve ser realizado apenas com um profissional especializado ou em uma clínica específica para o procedimento.
Considerada invasiva, o procedimento utiliza o fenol, que é um produto mais agressivo e provoca uma profunda escamação no rosto. Em entrevista ao GLOBO em julho, o dermatologista Abdo Salomão Jr., da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), afirmou que o tratamento só pode ser realizado em hospitais por apresentar diversos riscos à saúde.
— É uma queimadura programada, em que você remove toda a epiderme e uma parte da derme. Os resultados são brilhantes, mas é um procedimento que está em desuso. Ele é muito sofrido, há riscos altos para cicatrizes e manchas, a pessoas permanece de dois a três meses com o rosto vermelho, um mês sem sair de casa e uma semana sem nem abrir os olhos. Então, a despeito dos resultados, praticamente não se faz mais, e a procura é muito baixa — explica Salomão Jr.
Se os protocolos na preparação, durante ou pós tratamento não forem corretamente seguidos, ou se não utilizar os equipamentos certos com uma boa equipe de profissionais, o risco de infecção por vírus, bactérias e fungos é alto. Além disso, mesmo se a técnica for conduzida de maneira adequada, ainda existe possibilidade de alterações permanentes na cor da pele, manchas e cicatrizes.
Quando o peeling de fenol não é indicado?
O procedimento ainda é contraindicado para pessoas que têm problemas em órgãos como rins e fígado, em razão do alto grau de toxicidade renal ou hepática. Segundo especialistas, uma grande porcentagem do produto aplicado é absorvida pelo corpo e eliminado pelos rins e fígados. Além disso, não é indicado em pessoas com peles mais escuras ou com alta taxa de melanina, e pacientes que sofrem de problemas no coração.
Procurado para tratar rugas, o processo também tem eficácia contra Melasma e no tratamento de acne, entretanto o resultado não é tão impactante como nos casos de envelhecimento. Por ser um tratamento estético que necessita de altos cuidados, seu preço pode chegar até os 30 mil reais.
Na clínica Harmonia, onde a senhora do vídeo fez o procedimento, o peeling de fenol é feito em um centro cirúrgico ambulatorial com a presença de uma dermatologista e anestesista. O processo dura em torno de duas horas e o paciente fica em observação por outras duas horas para então ser liberado mediante a um acompanhante.
Antes e depois do procedimento
Para evitar o surgimento de herpes, antes do procedimento, o paciente precisa começar a tomar antivirais, além de utilizar protetor solar e ácidos para afinar a pele de 15 a 30 dias antes da intervenção. Se for constatado infecções locais na região antes do procedimento, os médicos recomendam que primeiro elas precisam ser tratadas e cicatrizadas para depois realizar o peeling.
O pós do procedimento é considerado a etapa mais sofrida, duradoura e chata do processo. Ele costuma ser doloroso e pode levar até um ano e meio até que o rosto cicatrize por completo. É necessário ter acompanhamento diário no primeiro mês, em razão das dúvidas, que podem surgir, mas também pelas mudanças no rosto, visto que a pele vai estar queimando e necrosando.
Um apoio psicológico pode ser necessário nesta primeira etapa. Outras recomendações é evitar a exposição ao sol por pelo menos três meses, e utilizar protetor solar todos os dias.
Os médicos recomendam que o peeling de fenol seja realizado nos meses de inverno, pois o frio evita a dilatação dos vasos, o que faz com que o rosto fique menos inchado durante a recuperação, além de evitar queimaduras e o surgimento de manchas em razão do sol, entretanto, não há impedimento para outras épocas do ano, desde que sejam respeitados os cuidados necessários.
Créditos: O Globo.