Os últimos anos foram de acirramento político-econômico entre dois grandes blocos de países: o chamado Ocidente (personificado nos Estados Unidos, Canadá e União Europeia) e a dupla China-Rússia. O avanço ganhou contornos dramáticos com a invasão da Ucrânia pelas forças armadas russas, mas também resvala na delicada questão de Taiwan.
Um fato que trouxe novos elementos para essas disputas geopolíticas, que já vêm sendo chamadas por alguns de “nova Guerra Fria“, foi o anúncio de que o Japão pretende abrir um “escritório de ligação” com a Otan, a poderosa aliança militar encabeçada pelos Estados Unidos e países europeus. “Já estamos em discussões, mas nenhum detalhe foi finalizado ainda”, disse o ministro das Relações Exteriores japonês, Yoshimasa Hayashi, em maio.
Caso se concretize, será a primeira vez que um escritório de ligação seria instalado na Ásia. Vale lembrar que Otan é a sigla para Organização do Tratado do Atlântico Norte. Ou seja, a aliança militar estenderia seus tentáculos para além da sua área de influência previamente determinada.
Um estreitamento de relações entre a Otan e o Japão tem um alvo claro: a China, quem expandindo sua influência política, econômica e militar por todo o mundo. Nas últimas duas décadas, intensificou o financiamento em infraestrutura em diversos países em desenvolvimento na América Latina e Ásia, mas, principalmente na África. Também criou novos laços com os países insulares no pacífico, região que tem sido negligenciada pelos Estados Unidos nos últimos anos.
Em paralelo, a China ampliou consideravelmente seu poderio bélico, incluindo sua carteira de ogivas nucleares. Elevou seu número de porta-aviões e também de caças, tanques e outros veículos. Hoje, é o segundo país com mais gastos anuais em defesa, atrás somente dos Estados Unidos.
Essa influência econômica e militar tem animado cada vez mais a China a apertar o cerco contra Taiwan, país visto por Pequim como uma mera “província rebelde” desde 1949. Desde então os dois países lutam pela primazia de serem reconhecidos pelos demais países como a “única China”.
Taiwan obteve o apoio da maior parte dos países até os anos 1970, quando uma reaproximação entre Estados Unidos e o governo chinês, como forma de isolar a União Soviética, fez com que a ilha perdesse este favoritismo. A “única China” passou a ser a de Pequim e não a de Taipé.
O regime de Xi Jinping não descarta uma invasão militar caso a ilha declare oficialmente sua independência. Nos últimos anos, contudo, os Estados Unidos e Europa têm ampliado as parcerias comerciais com Taiwan, embora eles reconheçam oficialmente o regime de Pequim como a “única China”.
CNN