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Quatro ex-ministros de Hugo Chávez divulgaram uma carta aberta com críticas às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a situação da democracia na Venezuela. No manifesto, eles pedem que Lula e o governo brasileiro sejam “solidários e consequentes” com uma saída para a crise política, econômica e humanitária no país.
O documento foi assinado pelos ex-ministros Rodrigo Cabezas (Finanças), Héctor Navarro (Educação), Ana Elisa Osorio (Meio Ambiente) e Oly Millan (Economia Popular). Todos participaram do primeiro escalão em gestões de Chávez, que presidiu a Venezuela de 1999 até 2013, sendo este último o ano em que morreu, aos 58 anos.
“Sempre fomos militantes da esquerda democrática e progressista. A partir desse ideal nos atrevemos a demandar, senhor presidente Lula da Silva, que o senhor e seu governo sejam solidários e consequentes com uma saída democrática à crise política, econômica e humanitária da Venezuela, e, dessa maneira, com as vítimas, entre elas, os mais de 6 milhões de venezuelanos forçados a migrar, e nunca com seus perpetradores”, afirmam.
Na segunda-feira (29), ao receber o sucessor de Chávez e atual presidente Nicolás Maduro em Brasília, Lula disse que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”. Ele conclamou Maduro, que não visitava o Brasil havia oito anos, a “mostrar sua narrativa para que as pessoas possam mudar de opinião”.
Houve forte reação às falas de Lula, inclusive no encontro de presidentes sul-americanos convocado por ele próprio, como as respostas do uruguaio Luis Lacalle Pou e do chileno Gabriel Boric. Nesta quarta-feira (31), o repúdio ganhou forças com esse grupo de ex-ministros.
“Senhor presidente, o senhor sabe que a autocracia venezuelana se atreve a postular com orgulho e sem rubor nenhum a ‘aliança cívica, militar, policial’ para justificar sua tentativa de hegemonia política e social?”, questionam os autores da carta.
“Com ela [essa aliança], pretendem ficar no poder como for e a custo do que for, convertendo seu projeto político em intolerância com aqueles que pensam diferente, eliminando o Estado de Direito fundamentado na separação dos poderes”.
Além de mencionar a existência de 281 presos políticos atualmente, mais de 300 emissoras de rádio com licenças canceladas e mais de 50 sites de notícias bloqueados na internet, os quatro ex-ministros falam em “terror de Estado”. “O governo venezuelano cometeu violações flagrantes dos direitos humanos de maneira generalizada e sistemática, execuções arbitrárias, tratamento cruel e tortura, que constituem crimes de lesa-humanidade”, criticam.
CNN