Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Em entrevista a Oeste, o parlamentar comenta a organização da oposição, critica o governo Lula e se defende da acusação de nazismo emplacada pela esquerda contra ele
Paulo Bilynskyj é deputado federal por São Paulo. Foi eleito em seu primeiro mandato, pelo Partido Liberal (PL), com mais de 72 mil votos. Atuou como delegado antes de se tornar político e influenciador digital. Apenas no Instagram, o parlamentar está perto de 1 milhão de seguidores.
Descendente de ucranianos, Bilynskyj é crítico do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e das posições diplomáticas do presidente da República, principalmente no que se refere à guerra da Rússia contra a Ucrânia. “Se o Lula admite que a Rússia tem razão em invadir a Ucrânia, como admitiu, ele se posiciona contrariamente ao direito internacional”, diz o parlamentar, em entrevista a Oeste.
Ele também afirma que a cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol foi “um atentado” contra a democracia, contra o Paraná e contra as mais de 300 mil pessoas que depositaram seu voto e sua confiança no ex-procurador da Operação Lava Jato. “Uma decisão revanchista do governo Lula de perseguir um inimigo anterior”, observa.
Na entrevista, Bilynskyj comentou o uso de câmeras nos uniformes dos policiais, criticou a visita do ditador Nicolás Maduro ao Brasil e rechaçou os ataques da esquerda, que o acusou de nazismo.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Como a oposição se organiza diante do governo Lula?
A oposição é muito maior que o PL. E nem toda oposição é uníssona. O bolsonarismo é uníssono. A gente tem reuniões semanais, reuniões de pauta e reuniões de narrativas, em que a gente discute quais são os principais temas para serem discursos. A gente também coordena o trabalho. Acabei de assinar um pedido de impeachment do Lula. Tudo isso a gente faz em grupo. Então, você tem lá um pedido de impeachment com uns 50, 60, 70 deputados assinando. Você tem um pedido de prisão do general Gonçalves Dias, com 70 deputados assinando. Isso mostra coordenação. Mas o principal trabalho da direita hoje é ter um discurso unido, para desfazer as narrativas do governo e para realmente representar uma oposição. Então, não é só votar contra, mas é coordenar os trabalhos de obstrução, coordenar os trabalhos de enfraquecimento.
Esses pedidos de impeachmentpodem prosperar, ou servem apenas para desgastar o governo?
Todo pedido de impeachment é para valer. Todo pedido de impeachment é fundamentado num crime de responsabilidade. Agora, o impeachment é uma decisão política. Ele não é uma decisão jurídica. Ele tem de ser pautado, tem de ter peso, tem de ter um fator por trás. Então, o que a gente vai fazer é sempre bater. Uma hora vai emplacar. O que a gente está fazendo é isto: derrubar uma árvore, uma árvore podre. E a gente está batendo ali. Não dá para saber que horas ela vai cair, entende? Não tem um fim certo. O que a gente está fazendo é bater incessantemente, 24 horas por dia.
O senhor é de origem ucraniana. Como vê as declarações de Lula em relação à guerra?
Lula está sendo quem ele é: comunista e ditador. Ele é um ditador, só não conseguiu dar um golpe ainda. É o sonho da vida dele. Então, ele vai se aliar com ditadores — com Putin, com Maduro, com todos os caras ruins da esquerda. As declarações dele colocam o Brasil de um lado. Não somos mais neutros. Eu não acharia estranho, por exemplo, a imposição de sanção pelos Estados Unidos contra o Brasil. Ele está recebendo Maduro e está se posicionando a favor do Putin. Lula ignora o Direito Internacional, que já estabeleceu que a guerra não é uma forma de solução do conflito. Isso é desde 1940. É para isso que existem organismos internacionais. Se o Lula admite que a Rússia tem razão em invadir a Ucrânia, como ele admitiu, ele se posiciona contrário ao Direito Internacional. Ele não merece conviver numa sociedade internacional. E está colocando o Brasil na contramão do direito internacional. O Lula é um incompetente e ignorante, que está assumindo um lado errado de toda essa guerra.
Como a cassação do Deltan Dallagnol afetou vocês?
Do meu ponto de vista, é uma grande agressão à Câmara dos Deputados. A partir do momento em que uma pessoa é eleita, ela deixa de ser uma pessoa para ser um deputado. E falhamos em defender o mandato do Deltan. Mas não acredito muito em intimidação, porque, para o cara ter chegado a deputado, ele aprendeu o que é uma ameaça de verdade. Ele não vai se sentir ameaçado por algo assim. Não acredito que soe como uma ameaça para os demais deputados. Soa como um revanchismo. Vi alguns deputados de outros partidos realmente indignados pela primeira vez contra o governo Lula.
O senhor foi acusado de nazismo, porque falaram que o seu avô fazia parte de um exército pessoal do Hitler. O que aconteceu de verdade?
Meu avô nasceu em 1920, em território ucraniano. Em 1939, a União Soviética invadiu parte da Ucrânia. O pai dele, meu bisavô Jerônimo, foi enviado para a morte no Gulag, na Sibéria, porque era contra o regime soviético. Meu avô foi obrigado a lutar no Exército Soviético. Ele, junto dos amigos, se rendeu ao Exército da Alemanha, porque não queriam lutar pelo exército invasor. Ele permaneceu preso num campo de trabalho alemão, como prisioneiro de guerra. Até que um general chamado Paulo libertou os ucranianos, para que fizessem parte de um exército de ucranianos que lutou pela liberdade da Ucrânia. E a única forma de ele ser colocado dentro da estrutura alemã era dentro da SS. Porque o exército alemão só pode ser integrado por alemães. Então, foi criada uma divisão em 1943, chamada SS Galizien, que era da Galícia, dessa região da Ucrânia.
Como foi a participação dele na SS Galizien?
O meu avô lutou pela libertação da Ucrânia. Existem documentos de Nuremberg, do Grupo Especial Canadense, que apurou crimes de guerra. Documentos da Ucrânia e da Galícia mostrando que a divisão SS Galícia não praticou nenhum crime de guerra, não matou nenhum judeu. Muito pelo contrário, lutou única e exclusivamente no front mais sangrento da Segunda Guerra Mundial, que é o front russo. As exigências da divisão da SS Galizienera não jurar lealdade a Hitler e não lutar contra outros povos, a não ser os russos. A divisão do meu avô foi dizimada em 1945, quando Hitler tomou conhecimento dela. Então, meu avô não é nazista. Não sou nazista, e todo mundo que me acusou de nazismo agora está sendo processado.
O deputado federal Paulo Bilynskyj comentou os temas acima com ainda mais profundidade no Oestecast, apresentado pelo jornalista Dagomir Marquezi