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Desde a infância, Luiz Antônio Turmina Junior, 17, fazia tratamento para rinite. Mas no ano passado, os sintomas começaram a piorar. Roncos à noite eram frequentes, desequilíbrio e também problemas na língua para falar. A princípio, pensaram que poderia ser algo ligado novamente à condição no nariz. Mas não. Descobriram que o jovem já estava com um tumor no cérebro e o encaminharam para um hospital em Curitiba (Paraná).
Como moram em Rondônia, ele e a mãe foram de ônibus até o Sul do país para realizar a cirurgia e seguir com o tratamento. Hoje, ele ainda se recupera e sonha em poder prestar o Enem e cursar faculdade. Abaixo, ele conta sua história:
“Já fazia bastante tempo que me alimentava mal, não tinha apetite e sofria com roncos estranhos à noite.
Minha mãe disse que eu roncava como se estivesse com falta de ar, mas eu não percebia porque estava dormindo.
Também sentia sempre uma dor de cabeça quando chegava do trabalho. Não comentava com a minha mãe, pois pensava que era normal.
Porém, comecei a apresentar falta de equilíbrio, ter sintomas estranhos e quando foram me buscar na escola, caí na calçada indo em direção ao carro.
Estava muito magro e achava estranho porque via meus primos grandes e eu seguia magro e pequeno. Começamos a investigar e fomos atrás de alguns especialistas.
Tumor do tamanho de uma laranja
Começamos a ir atrás de médicos por causa dos roncos à noite e para tentar chegar a um diagnóstico. Nos indicaram um otorrinolaringologista, porque acreditavam que poderia ser rinite.
Quando fomos ao médico, ele notou que tinha palpitações na minha língua e me encaminhou para fazer uma tomografia do crânio. A partir do exame, foi confirmada uma alteração.
O tumor, chamado xantoastrocitoma pleomórfico, foi detectado e já estava entre o cerebelo e o tronco encefálico, partes muito importantes do cérebro.
O médico disse que eu precisava fazer uma cirurgia para retirada e fomos da cidade de Vilhena, em Rondônia, para Curitiba. Foram três dias e duas noites de viagem dentro de um ônibus para chegar até lá.
Na época, o otorrino indicou um neurocirurgião especializado e disse que era um dos melhores.
Operei no dia 19 de outubro do ano passado e estava bem tranquilo. Até porque sabia que era o único jeito de me recuperar.
Tive que tomar bastante soro porque tinha hipotensão (pressão baixa) e desmaiava no hospital. Também tomei bastante antibiótico porque peguei uma infecção pulmonar e bacteriana no hospital.
Acho que o momento mais difícil foi usar sonda. Não podia comer via oral e me alimentar pela sonda não era bom.
Mas, felizmente, correu tudo bem na cirurgia. O tumor estava do tamanho de uma laranja.
Recuperação aos poucos
Minha recuperação está bem tranquila e ficaram apenas algumas sequelas pequenas. Tenho um pouco de dificuldade de andar com o lado esquerdo, mas que já está ficando quase bom com a fisioterapia. Precisei usar traquestomia também.
Meu maior desafio no hospital foi conseguir engolir e ainda sinto um pouco de dificuldade, mas estou melhorando com exercícios.
No momento, estou internado e me preparando para iniciar as radioterapias.
No futuro, quando estiver totalmente recuperado, quero voltar a trabalhar e estudar. Pretendo fazer o Enem e também faculdade, mas ainda estou em dúvida sobre qual fazer.”
Tumor e tratamento
Considerado um tumor raro, o xantoastrocitoma pleomórfico é mais comum em crianças, pessoas mais jovens e sua causa pode ser multifatorial.
Muitas vezes, quando está no lobo temporal, pode causar crises convulsivas. No caso do Luiz, o tumor estava localizado em uma região mais atípica.
Como o tumor estava localizado em uma região do tronco do cérebro —responsável por movimentos da cabeça e do pescoço—, os sintomas mais comuns foram fraqueza da língua e engasgos.
O tumor é de agressividade baixa, e quando é retirado o prognóstico é bom e o paciente tem grandes chances de não sofrer com recidivas, que é quando o câncer reaparece depois de algum tempo.
Porém, no caso do Luiz, como o tumor estava grande, os médicos preferiram retirar uma parte e deixar outra e seguir com tratamento oncológico, que será feito com radioterapia.
Fonte: Carlos Alberto Mattozo, neurocirurgião do Hospital Marcelino Champagnat (PR).