Foto: (Carl Lokko/Getty Images).
No começo do ano, muitas farmácias passaram por uma escassez de remédios para Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), principalmente Ritalina. Em uma nota, a Novartis, empresa responsável pelo medicamento, culpou a alta demanda já no fim de 2022.
O período coincide com a época de grandes vestibulares do país. Isso significa que, impulsionados por tendências estrangeiras, estudantes podem ter contribuído para a falta do remédio. O uso de ritalina e outros comprimidos para TDAH se tornou popular em faculdades e escolas americanas, onde alunos sem essa condição compram as pílulas com a promessa de aprimorar a concentração e atenção em provas e durante o estudo – sendo até vendidos como “smart drugs”, “drogas inteligentes”.
Só que elas não dão nada de “smart” para você. Um estudo analisou três psicoestimulantes populares: metilfenidato (a Ritalina), dexanfetamina e modafinil. Os dois primeiros são receitados para TDAH e o último para narcolepsia, um distúrbio do sono.
Os pesquisadores fizeram quarenta voluntários executarem quatro vezes a mesma tarefa. A cada vez eles tomavam uma das pílulas (também houve uma rodada com placebo). O teste era simples, os participantes deveriam escolher entre diversos itens e colocá-los em uma mochila – virtualmente. Cada um dos objetos tinha pesos e valores diferentes, e o objetivo era maximizar o valor agregado da mochila, mas sem ultrapassar determinado peso.
Quando tomaram um dos remédios, os participantes se dedicavam mais à tarefa – mexiam mais os objetos, tentavam mais combinações e demoravam mais para dar a resposta final. Contudo, sua performance era pior do que quando tomavam o placebo. Apesar de se esforçarem mais, seu desempenho piorava com os medicamentos.
“Nossas descobertas sugerem que as “drogas inteligentes” aumentam a motivação, mas uma redução na qualidade do esforço, crucial para resolver problemas complexos, anula esse efeito”, escrevem os pesquisadores em seu artigo.
A sensação de eficiência pode ser uma confusão com o ânimo de trabalhar. Quem toma esses remédios sem necessidade talvez acredite que se sentir motivado e alerta seja o mesmo que desempenhar um bom trabalho.
Os pesquisadores notam também que os remédios são importantes para pessoas com TDAH – eles ajudam quem precisa, mas quem não precisa pode se atrapalhar. Melhor deixar a medicação para os pacientes de verdade.
Créditos: Super Interessante.