Divulgação / Valerie / Howes Wild + Ruff Photography
Qualquer morador com mais de 18 anos pode entrar na disputa, apresentando documentação mínima, sem precisar de partido político, e necessitando de apenas 25 assinaturas
Eleições municipais estão sendo realizadas em Toronto nesta segunda-feira. Entre a vasta quantidade de 102 candidatos à Prefeitura da cidade canadense, está um ativista climático concorre em nome de sua cachorra Molly. Para além dos favoritos a serem eleitos, estão à disposição dos eleitores que entrarem nas cabines de votação uma série de concorrentes não tão tradicionais, figuras como um comediante e até um adolescente que acabou de sair da escola.
Com apenas 18 anos, Meir Straus aparece na lista. Apresentando propostas pouco ortodoxas, o jovem recém-formado no ensino médio se propõe a erradicar o cheiro de maconha em torno de lojas que vendem a droga, e acabar com as lombadas nas ruas da cidade. Seu gasto eleitoral foi de apenas 17 dólares canadenses (cerca de R$ 62), para registrar o domínio do site da sua campanha. A taxa de registro de 200 dólares canadenses (em torno de R$ 726) é reembolsável.
Esses baixos valores exemplificam como é fácil se candidatar à Prefeitura de Toronto. Qualquer morador com mais de 18 anos pode entrar na disputa, apresentando uma documentação mínima, sem precisar se filiar a um partido político, e necessitando de apenas 25 assinaturas de apoio. Em Los Angeles, nos EUA, pede-se ao menos mil assinaturas e uma taxa de inscrição de 300 dólares (R$ 1.430), enquanto em Nova York são necessárias 2.250 assinaturas.
Além de Straus, os outros candidatos incluem Edward Gong, um empresário cuja empresa se declarou culpada de um esquema de pirâmide internacional; Kevin Clarke, um ex-morador de rua que está concorrendo pela sétima vez; e o promissor comediante Ben Bankas. Molly, a cadela, está sendo representada por seu dono na cédula de votação, o ativista ambiental Toby Heaps.
Entre os candidatos mais tradicionais, estão a ex-vice-prefeita Ana Bailao; a ex-deputada Olivia Chow, que lidera as pesquisas; o conselheiro Josh Matlow; e o ex-chefe de polícia Mark Saunders.
A quantidade de candidatos se tornou um recorde histórico em uma das maiores cidades da América do Norte. As explicações para tantos registros se dá não apenas pela baixa quantidade de requisitos para entrar na corrida, mas também pela saída repentina de John Tory do cargo, após oito anos de mandato. Para efeito de comparação, o pleito realizado em outubro do ano passado teve 31 concorrentes.
— É a primeira disputa dessa forma, já que os incumbentes se mantiveram no cargo por duas décadas. Muitos candidatos estão entusiasmados — disse Karen Chapple, diretora da Escola de Cidades da Universidade de Toronto, à Bloomberg. — Três deles têm uma chance real. Os outros 99 sabem disso, mas é uma chance de divulgar seu nome para o futuro.
Toronto é o município mais populoso do Canadá, e precisa eleger um novo prefeito em um momento crítico para seus três milhões de habitantes. A cidade luta com custos de vida disparados, sistema de trânsito que passa por dificuldades, salário mínimo estagnado e um aumento da criminalidade.
Para ser eleito, não é necessária uma maioria absoluta ou um mínimo de percentual. Em função do grande número de candidatos, é bem provável que o novo prefeito vença com menos de um terço do total de votos. Isso aconteceria pela primeira vez na história moderna de Toronto, já que a candidatura vencedora sempre obtém pelo menos 40% dos votos.
O Globo