Foto: Divulgação/PF.
A decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que prorrogou afastamento de três conselheiros do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), também trouxe reprodução de fotografia de como foi encontrado o “dinheiro vivo” no apartamento da servidora Thaís Xavier Ferreira da Costa, assessora chefe do gabinete de Ronaldo Chadid.
Os maços de cédulas de R$ 50 e R$ 100 estavam em envelopes timbrados do TCE, com a logomarca e nome da Corte Fiscal. As legendas das duas imagens informam que foram encontrados R$ 30 mil em notas de R$ 100, acondicionadas em envelopes onde estavam escritos “valores 30” e o nome de dois conselheiros: “Cons Iran” e “Cons Ronaldo Chadid”.
Ao todo, foram anexadas quatro fotos de envelopes. O terceiro, também timbrado do TCE, tinha as seguintes anotações: “20” e “Para Julia (Caixa) com urgência”. Dentro, quatro maços de cem notas de R$ 50, totalizando R$ 20 mil.
Na primeira fase da operação da PF (Polícia Federal), batizada de Mineração de Ouro e realizada em 8 de junho de 2021, foram apreendidos R$ 729.600,00 no apartamento de Thaís Xavier.
Conforme o documento, durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, a servidora declarou que o cofre e a mala eram do seu chefe, numa referência a Ronaldo Chadid. O conselheiro teria deixado o dinheiro no apartamento da servidora devido a uma reforma em sua própria residência.
“Esclareça-se que o cofre foi encontrado no guarda roupa do quarto de Thais e a mala estava no armário do quarto do filho da investigada. Ao se abrir a mala, constatou-se que o dinheiro estava acondicionado em envelopes com números que, s.m.j. [salvo melhor juízo], representava os valores contidos em cada um deles, sendo que alguns dos envelopes apresentavam nomes de pessoas que, assim como os números, estavam manuscritos à caneta”, informa o documento anexado à decisão do STJ.
Ronaldo Chadid e Thaís Xavier Ferreira foram denunciados por suposta prática de lavagem de dinheiro.
“Na fase inicial das investigações evidenciou-se que Thaís Xavier Ferreira da Costa, assessora e chefe de gabinete de Ronado Chadid, foi beneficiada por diversas transferências bancárias realizadas por Ronaldo que, entre os anos de 2015 e 2019, totalizaram mais de R$ 950.000,00 (novecentos e cinquenta mil reais)”. No dia 8 de junho de 2021, a Polícia Federal também apreendeu R$ 889.660,00 na residência de Ronaldo Chadid.
Uma das justificativas de Chadid é ser árabe e guardar as economias desde 1995. “Eu sou árabe, sempre tive hábito em guardar dinheiro em casa, já exerci atividade na advocacia, como delegado de polícia, promotor de justiça, procurador do Ministério Público de contas, e por fim, conselheiro, mas sempre eu tive atividade paralela na docência, eu criei, praticamente, seis cursos de Direito aqui no Estado, promovi diversos cursos de especialização, cursos de extensão, e também sou investidor em Minha Casa Minha Vida, tenho essa atividade na área imobiliária. Eu tenho 5 (cinco) filhos e 2 (dois) netos, então eu tenho que trabalhar mais do que o normal, é produto do meu trabalho, da minha propriedade, esse dinheiro”, detalhou o conselheiro.
Terceirização de Ouro – Os conselheiros Iran Coelho das Neves, Ronaldo Chadid e Waldir Neves Barbosa foram afastados do TCE em 8 de dezembro do ano passado, quando foi deflagrada a Terceirização de Ouro, segunda fase da operação. Inicialmente, o afastamento do cargo valeu por 180 dias. Ontem (dia 6), o STJ prorrogou a medida até o recebimento das ações penais.
A decisão do ministro Francisco Falcão também atinge os servidores Douglas Avedikian e Thaís Xavier Ferreira da Costa. Eles são monitorados com tornozeleira eletrônica. A operação resultou de força-tarefa da PF, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal.
Defesa – Sobre o envelope, a defesa do conselheiro Iran Coelho das Neves nega relação. “Deve ser algum envelope reutilizado. Iran nunca foi investigado por isso. Denúncia contra ele não envolve o dinheiro apreendido”, afirma o advogado André Borges.
O advogado Gustavo Badaró, que atua na defesa de Ronaldo Chadid, informou que o dinheiro é de origem lícita, sem nenhuma relação com o exercício da função de conselheiro do Tribunal de Contas.
Créditos: Campo Grande News.