Foto: Reprodução
A influencer Luanne Murta Jardim dos Santos Martins, de 30 anos, morta durante uma tentativa de assalto no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio, era filha de vendedora ambulante. Moradora da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, ela tinha 331 mil seguidores no Instagram e 11,4 mil no TikTok.
Nas redes, ela era conhecida por motivar mulheres a perder peso de forma saudável e, assim, recuperar a autoestima. Determinada, Luanne começou a trabalhar cedo. Com 13 anos, distribuía panfletos de um curso. Aos 29, já tinha lucrado mais de R$ 1 milhão com o mercado digital. No último domingo, no auge de sua carreira, ela teve a vida interrompida pela violência.
O trabalho como influenciadora de “emagrecimento” começou por uma frustração pessoal. Em entrevista ao Extra, no ano passado, ela contou que foi em uma loja comprar um vestido para um casamento e foi vítima de gordofobia. Foi a partir daquele momento que ela começou o processo de emagrecimento que a fez perder 50 quilos em seis meses.
“Um dia fui a uma loja bem famosa. Precisava comprar um vestido para um casamento. O único vestido que coube em mim, no auge dos meus 137 quilos, era de estampa de onça. De dentro do provador, pude ouvir uma vendedora cochichar com a outra: ‘Essa onça engoliu um elefante'”, desabafou na época.
Por compartilhar esse processo nas redes, ganhou seguidores, e o apoio se tornou combustível para o novo estilo de vida. Ela passou a optar por alimentação saudável, rotina fixa de exercícios e acompanhamento médico, além de coordenar a própria empresa.
Em uma publicação nas redes sociais, Luanna falou sobre a caminhada até ser tornar influencer. “Hoje você acompanha e admira a Luanne dona de si, independente, empoderada, que serve de inspiração para muitas aqui. Mas essa Luanne foi construída com muito choro, suor. Aos 13 anos, eu saía de segunda a sábado, às 4h15, andando de São João de Meriti para a Pavuna (da Baixada Fluminense para o bairro da Zona Norte do Rio). Eu sempre falei que eu não iria viver aquilo pelo resto da vida. Desde muita nova, sempre tive visão empreendedora. Afinal, era filha de uma camelô ambulante, e sempre digo o quanto a garra da minha mãe foi minha inspiração de vida”, escreveu.
No perfil, ela intercalava mensagens de motivações com momentos marcantes da sua vida pessoal. Além das fotos das suas viagens pelo mundo e registros dos seus filhos: Heitor, de 2 anos, e Laura, de 10 anos.
No fim do ano passado, ela fez uma publicação pedindo desculpas a Laura por deixar a depressão interferir na relação dela com a filha. No texto, ela diz que, por vergonha do corpo, só levou a menina à praia quando ela completou 4 anos.
“Dia das crianças chegando, e como todos os dias, me culpo por ter deixado minha obesidade te privar de uma infância saudável. Por vergonha do meu corpo, ter te levado para conhecer a praia, somente com 4 anos de idade, por nunca ter participado das festas da família, de amiguinhos, de passeios”, escreveu Luanne. “Me perdoe filha por não ter sido uma ‘mãe normal’, por ter deixado meu sobrepeso e depressão por tanto tempo influenciarem diretamente nossa relação”.
Ela também utilizava a rede para postar registros com o companheiro João Pedro Oliveira Farche, que estava no carro com ela no momento em que foi morta. Miguel, filho de Farche, também estava no carro, no banco de trás. Ela chegou a ser levada para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte, pelo marido, mas chegou morta à unidade.
Na tarde desta segunda-feira, Farche compartilhou um vídeo agradecendo as mensagens de apoio que está recebendo pelas redes sociais. Em vídeo publicado no perfil da influencer, ele diz que a família é muito querida e que não consegue responder todos que estão mandando mensagem. Farche também compartilhou a última foto que tirou com Luanne.
De acordo com o 3º BPM (Méier), Luanne foi atingida quando passava pela Rua Fernão Cardim, e estava perto da saída 4 da Linha Amarela.
Folha PE