Foto: Divulgação/ATLANTIC PRODUCTIONS/MAGELLAN
O modelo foi criado usando mapeamento de águas profundas e fornece uma visão 3D do transatlântico de luxo afundado em 1912
Só agora, mais de um século depois do naufrágio do Titanic, especialistas fizeram a sua primeira varredura digital em tamanho real dos destroços do transatlântico. Ela foi criada usando mapeamento de águas profundas e fornece uma visão 3D única, permitindo que o transatlântico seja visto como se a água tivesse sido drenada.
A expectativa é que as imagens lancem uma nova luz sobre o que exatamente aconteceu no dia 15 de abril de 1912, quando a embarcação de luxo, de propriedade da empresa britânica White Star Line, colidiu com um iceberg no Oceano Atlântico, matando cerca de 1.517 das 2.224 pessoas a bordo.
“Ainda há perguntas, perguntas básicas, que precisam ser respondidas sobre o navio”, disse Parks Stephenson, analista do Titanic, à BBC News, acrescentando que o modelo foi “um dos primeiros grandes passos para levar a história do Titanic a uma pesquisa baseada em evidências – e não em especulação”.
A reportagem destaca que o Titanic foi extensivamente explorado desde que o naufrágio foi descoberto, em 1985. Contudo, ele é tão grande que, na escuridão das profundezas do oceano, as câmeras só conseguiam captar algumas partes da embarcação. Com a atual varredura, no entanto, o transatlântico foi registrado em sua totalidade.
700 mil imagens foram capturadas
O trabalho começou a ser realizado em 2022 pela Magellan, empresa de mapeamento de águas profundas, e pela Atlantic Productions, que está fazendo um documentário sobre o projeto. Elas enviaram submersíveis para o local do naufrágio – a 3.800 metros de profundidade – controlados remotamente por uma equipe a bordo de um navio especializado.
Os veículos passaram mais de 200 horas examinando o comprimento e a largura dos destroços e tiraram mais de 700.000 imagens de todos os ângulos, criando uma reconstrução 3D exata.
Segundo Gerhard Seiffert, da Magellan e líder do planejamento da expedição, esse foi o maior projeto de escaneamento subaquático que ele já empreendeu. “A profundidade dele, quase 4.000 metros, representa um desafio, e você também tem correntes no local – e não podemos tocar em nada para não danificar os destroços”, relatou.
A varredura, indica a BBC, mostra tanto a escala do navio quanto alguns detalhes minuciosos, como o número de série em uma das hélices. As imagens revelam a proa, que é reconhecível mesmo 100 anos, e o convés, onde um buraco aberto fornece um vislumbre de onde ficava a grande escadaria.
A popa, por sua vez, ficou bastante danificada. No campo de destroços ao redor, dá para ver objetos espalhados, incluindo peças de metal ornamentadas do navio, estátuas, garrafas de champanhe fechadas e pertences pessoais.
Parks Stephenson, que estudou o Titanic por muitos anos, contou que ficou “impressionado” quando viu a varredura pela primeira vez. “Ela permite que você veja os destroços como nunca pode ver de um submersível, e você pode ver os destroços em sua totalidade, você pode vê-los em contexto e perspectiva. E o que está mostrando agora é o verdadeiro estado dos destroços.”
O especialista complementou que até hoje não há um entendimento sobre o caráter da colisão com o bloco de gelo: “Nem sabemos se ela o atingiu a estibordo, como é mostrado em todos os filmes – ela pode ter encalhado no iceberg. Estudar a popa pode revelar a mecânica de como o navio atingiu o fundo do mar”.
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