Foto: Reprodução/G1.
O caso de uma medicação indevida que teria sido dada a 14 crianças em uma creche de Santa Rita de Caldas (MG) continua sendo investigado pela Polícia Civil. A suspeita é que algum tipo de antialérgico, que tem como feito colateral a sonolência, foi dado às crianças. Segundo relatos das mães, elas notaram comportamentos diferente nos filhos nos últimos dias.
Conforme a polícia, uma das mães suspeitou da situação após a filha contar que a professora teria dado um remédio para ela. Após trocar informações com outras mães, mais crianças repetiram a informação. Há suspeita que a medicação estaria sendo ministrada há um cerca de mês.
Segundo a dona de casa Kethely Fonseca, a filha dela faz uso de medicação controlada e percebeu alterações no sono da menina nos últimos dias. A mãe ainda relatou que uma pessoa que trabalha na creche teria confirmado que a filha dela estaria, sim, sendo medicada na escola.
“Tudo começou com o depoimento dela, ela chegou da creche e falou assim: ‘mamãe, eu estou tomando um remedinho na escola’. Aí eu parei, analisei, fazia uma semana que ela não estava dormindo direito. Ela dormia, acordava quatro ou cinco horas da manhã e não dormia mais.”
“A gente foi especulando as crianças para ver se alguma delas falava, todas contavam a mesma história: que a tia falava que não podia contar pros pais, porque se contasse eles iam ficar de castigo em um quarto escuro. A medicação foi encontrada no banheiro da escola e todas as crianças relatam a mesma história. Então, não tem como ser mentira. Quatorze crianças não iam mentir o mesmo contexto de história”, disse outra mãe, a corretora de imóveis Celita Fonseca.
Celita disse ter percebido que de alguns tempos para cá a menina estava mais agressiva e chorona. A criança, ainda, não estava conversando muito com os irmãos, falava em ‘tom agressivo’.
“Eu achei que poderia ser alguma fase, alguma coisa da idade dela, né?”, comentou.
Uma terceira mãe, a recepcionista Meire Oliveira Lopes, conta que quando soube da situação não quis acreditar que seria verdade. Ela optou por conversar com a filha naturalmente, sem falar nada sobre o que estava acontecendo.
“Comecei a dialogar com ela e fui perguntando: ‘filha, você toma um remedinho lá na creche?’, ela falou: ‘tomo’. Eu falei para ela: ‘que cor é o remedinho?’, ela falou que o remédio era vermelho. Ela falou que eles tomavam porque a tia dizia que eles estavam doentes, que eles tinham que tomar”, disse.
Investigações
Segundo a prefeitura de Santa Rita de Caldas, a professora foi afastada desde o início quando a gestão municipal tomou ciência do caso. A EPTV, afiliada TV Globo, conversou com o prefeito de Santa Rita de Caldas, Emilio Torriani (PSD).
“[A professora] relatou que as crianças viram um medicamento de cor vermelha, de uso pessoal dela. Na versão dela, ela diz que preparou um composto com água, açúcar e ‘hidrafix’ – uma espécie de um soro – e deu uma colher para cada criança em um dia específico, porque as crianças estavam pedindo, né? Essa foi a versão dela a respeito do caso”, disse o prefeito.
Sobre o fato da funcionária que teria confirmado a situação, o prefeito comenta que não tinha conhecimento disso. “Quando vimos que as versões estavam muito antagônicas, a gente levou o caso à Polícia Civil que entendeu por bem fazer um boletim de ocorrência para que investigasse mais a fundo o caso”, explicou.
“A gente de imediato abriu um processo de sindicância administrativa, fez uma portaria afastando a professora por 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30 ou até que se conclua o processo. A gente vai acompanhando tanto na esfera criminal, quanto na esfera administrativa”, finalizou o prefeito.
O medicamento que estaria sendo dado aos estudantes foi encontrado por uma funcionária da creche no banheiro utilizado pela professora e pelas crianças.
Segundo a Polícia Civil, as substâncias serão submetidas à perícia para determinar a origem do produto. A EPTV tentou contato com a funcionária, mas ainda não teve retorno.
Amostras de urina das crianças foram coletadas em Poços de Caldas e encaminhadas para análise toxicológica em Belo Horizonte. A Polícia Civil informou que instaurou procedimento para apuração e disse que foram requisitadas perícias e diligências para a constatação dos fatos.
Créditos: G1.