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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a política de juros praticada pelo Banco Central (BC) após a coroação do Rei Charles III neste sábado (6).
O chefe do executivo defendeu a tese de que, enquanto presidente, pode reclamar das ações do órgão e pediu que ele se preocupe também em promover crescimento econômico e gerar empregos.
“Se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas ele não é intocável”, afirmou.
Se você tem compromisso com o crescimento econômico, com a geração de emprego e com o controle da inflação, cuide dos três. Com os juros a 13,75%, os outros dois não serão cumpridos. Se o dinheiro não estiver rodando no bolso do trabalhador, não tem melhoria na qualidade de vida nem no Brasil, nem em qualquer lugar do mundo. (Lula)
O presidente também se referiu diretamente ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, comparou sua gestão à frente do órgão com a de Henrique Meirelles (que presidiu o banco durante a primeira passagem de Lula no Planalto) e o acusou de não ter compromisso com o país.
“Eu duvido que esse cidadão tenha mais autonomia do que o Meirelles teve. Só que o Meirelles tinha a responsabilidade de ter um governo discutindo com ele, olhando as preocupações. Esse cidadão não tem, ele não tem nenhum compromisso comigo. Ele tem compromisso com o Brasil? Não tem. Ele tem compromisso com o outro governo, que o indicou”, disse.
A crítica de Lula à taxa de juros, que segue em 13,75% ao ano, tem como base o argumento de que o crédito nas mãos dos trabalhadores e empreses pode ser uma chave importante para aquecer a economia.
“Os trabalhadores brasileiros não suportam mais a taxa de juros. O desemprego tá começando a mostrar a sua cara no setor de comércio, muitas lojas estão quebrando, estão fechando. Se a gente quiser gerar emprego nesse país, nós vamos ter que ter crédito para o trabalhador, para o pequeno e médio empreendedor individual, para as grandes empresas. Se não, o país não cresce”, declarou.
Ele também afirmou que não ataca diretamente o BC, mas se posiciona contra a política adotada pela instituição. Lula ainda pediu que os defensores da manutenção da taxa de juros no patamar em que ela está hoje se manifestem assim como ele o faz.
“Você nunca me viu bater no Banco Central. Eu não bato no Banco Central porque o Banco Central não é gente, é um banco. O que eu discordo é da política. Quem concorda com a política de juros a 13,75% defenda publicamente”.
Copom manteve a taxa de juros a 13,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu na última quarta-feira (3) pela manutenção da taxa de juros – a Selic – em 13,75% ao ano. Esta foi a primeira reunião do Comitê após a entrega do projeto de novo marco fiscal para ser analisado e votado no Congresso.
Também é a sexta vez seguida em que foi decidida a manutenção da taxa. Assim, o patamar de juros continua no maior nível desde dezembro de 2016.
De acordo com o comunicado do Copom, a decisão foi unânime e que o Comitê “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
Créditos: CNN Brasil.